A Polícia Militar apreendeu 54 aves utilizadas em rinhas de galo durante uma operação realizada neste domingo (31), em Montes Claros. A ação resultou ainda na condução de 29 pessoas, com idades entre 30 e 60 anos, para a delegacia e na aplicação de mais de R$ 160 mil em multas.

A investigação começou após denúncias apontarem que uma residência, no bairro Residencial Montes Claros, servia de espaço para a prática de maus-tratos contra animais. No momento da abordagem, parte dos envolvidos conseguiu escapar por um matagal próximo, mas outros permaneceram no local e reagiram atirando pedras e garrafas contra os militares. Foi necessário o uso de balas de borracha para conter os agressores.

A ação surpreendeu cerca de 50 pessoas que participavam do evento ilegal, apostando dinheiro nos combates entre os animais e consumindo bebidas e comidas vendidas no local.

Segundo informações da PM, o espaço contava com uma estrutura completa para a prática criminosa. Havia uma arena improvisada para os embates, cadeiras ao redor para acomodar os espectadores e um ponto de venda de alimentos e bebidas. Para entrar, os frequentadores pagavam R$ 20 e recebiam uma pulseira de acesso, evidenciando que o evento era organizado e recorrente.

Durante a abordagem, os militares localizaram 54 galos, sendo que 22 apresentavam ferimentos visíveis provocados pelas lutas. As aves estavam distribuídas em gaiolas metálicas, caixas de papelão, amarradas a árvores e até dentro da residência, em condições precárias. Além dos animais, foram apreendidos diversos materiais utilizados para manejo e preparação das aves, como medicamentos, agulhas, seringas, esporas de plástico, biqueiras, tesouras e ataduras, que eram empregados tanto para potencializar os combates quanto para tratar os ferimentos após as disputas.

Ainda segundo a PM, os frequentadores pagavam R$ 20 por uma pulseira que dava acesso às rinhas. Também foram apreendidos R$ 8.249 em dinheiro, que seria utilizado nas apostas, além de 14 veículos que foram removidos para o pátio credenciado ao Detran.

Cada suspeito recebeu multa de R$ 5.531, totalizando mais de R$ 160 mil. Todos assinaram Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foram liberados, mas deverão se apresentar ao Juizado Especial Criminal. Eles irão responder por crime ambiental, previsto em lei, e, por se tratar de delito de menor potencial ofensivo, foi lavrado boletim de ocorrência, com os envolvidos comprometendo-se a comparecer ao juizado especial criminal.

Por não haver um local adequado para a guarda imediata das aves, os galos foram entregues a um morador que se dispôs a cuidar deles provisoriamente. Já os materiais apreendidos foram encaminhados ao depósito da Unidade Regional de Fiscalização do Norte de Minas, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

Crime ambiental

A prática de rinha de galos é crime previsto na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998). O artigo 32 da legislação proíbe atos de abuso e maus-tratos contra animais, com pena de três meses a um ano de detenção, além de multa.

O caso reforça a importância das ações de fiscalização para coibir práticas de maus-tratos e exploração animal, crimes que continuam ocorrendo de forma clandestina em diversas cidades. A Polícia Militar informou que continuará realizando operações para identificar e desmantelar eventos semelhantes na região, além de responsabilizar todos os envolvidos conforme prevê a legislação ambiental vigente.