A Polícia Federal realizou ontem a “Operação Caraxué” em três estados na tentativa de desarticular uma quadrilha internacional de tráfico de seres humanos. Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, os policiais cumpriram cinco mandados de prisão. Todos os procurados são suspeitos de aliciar travestis para trabalharem em casas de prostituição na Europa.
Caraxué significa proxeneta, ou seja, aquele que vive da prostituição alheia. Segundo as investigações, a quadrilha era liderada por travesti conhecido como Loraine, que reside atualmente em Uberlândia. Loraine já morou na Itália, onde possui uma casa que abriga pessoas que se prostituem na cidade de Milão. A quadrilha também recrutava travestis para se prostituírem na Espanha.
O grupo atuava recrutando travestis em todo o Brasil por indicação de outros travestis e por meio de consultas na internet. Os recrutados ficavam abrigados na casa de Loraine ou de Pamela, outro membro da quadrilha que, no início das investigações, encontrava-se na Itália provavelmente levando um grupo de pessoas para se prostituírem naquele país. Para embarcar para a Europa, eram necessários cerca de 10 mil euros.
Com o elevado fluxo de travestis para Milão, o serviço de imigração da Itália realiza grande número de deportações de travestis que exercem a prostituição no país. Isso obriga a quadrilha a utilizar as chamadas rotas limpas, ou seja, aquelas em que o travesti tem menos risco de ser deportado. As “rotas limpas” mais utilizadas são: Suíça (Zurique e Lugano), França (Paris) e Holanda (Amsterdã). Os travestis desembarcam e então seguem de ônibus ou carro para Milão ou Madrid.