Ticyana Fonseca
Repórter
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O número de pessoas viciadas em internet a cada dia que passa aumenta mais. Porém, o que antes podia ser considerado como um lazer hoje está virando dependência. A internet é uma gigantesca mão na roda. Ela veio para encurtar as distâncias, democratizar o acesso à informação e uma penca de coisas boas, que estamos sempre destacando. Mas, para algumas pessoas, a rede assumiu um papel polêmico. Passou a ser o princípio e o fim do dia-a-dia de gente que não consegue imaginar a vida longe de um monitor e de um modem. Para muitas pessoas a timidez é o impulso para substituir o mundo real pelo virtual.
- Ninguém se torna dependente de uma coisa que não traz prazer. A internet é, sem dúvida, prazerosa e se torna dependência quando passa a preencher uma carência, diminuir a ansiedade, aliviar uma angústia - diz o psiquiatra André Malbergier, coordenador do Grupo interdisciplinar de estudos de álcool e drogas do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
BRASIL E MOC
No Brasil, o uso da internet cresce a cada dia. Segundo uma pesquisa Ibope/NetRatings, o Brasil é o país que mais usa a internet no mundo, com 15 horas e 14 minutos por usuário residencial durante o mês de abril - liderança que pertencia ao Japão.
Em Montes Claros o número de lan house aumenta progressivamente, assim como também aumenta o número de viciado em internet.
Boa parte da população se encontra viciada em internet, porém não admite ou desconhece isso.
- Sou usuária há 2 anos. Não me considero viciada, uso em torno de 2 horas por dia. Uso a internet como meio de me aproximar das pessoas e falar coisas que eu não teria coragem de falar pessoalmente. Já deixei de fazer muitos amigos, de ir a festas e de estudar principalmente para ficar na internet. Quase não utilizo sites de pesquisa, uso mais MSN e Orkut que são sites de relacionamento na internet, mas não gosto de sala de bate papo - disse Ludmila Nogueira Guimarães, de 19 anos.
RELACIONAMENTO
As pessoas estão deixando de se relacionar com outras por meio de contato físico para ficar horas sentadas em frente a um computador.
- Já cheguei a ficar 15 horas em sala de bate papo, hoje me considero mais controlada. Acho-me viciada. Uso a internet para o trabalho, lazer e sites de relacionamento como Orkut e MSN. Hoje me acho controlada, mas quando não acesso, tenho ansiedade, curiosidade e falta de paciência. No domingo, por exemplo, tento me privar, mas durante a semana todos os dias eu tenho de olhar. Não gosto de sites de jogos, gosto mesmo é de sites de relacionamentos - relatou Whanessa Oliveira.
PSICOLOGOS
A psicóloga Márcia Homem de Mello, do site Psy_Coterapeutas On Line, atribui esta paixão pela sede de conhecimento do ser humano, que pode ser saciada - e estimulada - pela Internet.
- As pessoas podem conhecer e conversar com outras. Sem preconceitos e sem pré-conceitos. É tudo estimulado, em parte, pela fantasia que cada um cria - conta.
Mas, Márcia Mello, trata de retirar da Rede a alcunha de vilã.
- Todos falam muito em vício da Internet, mas muita gente se esquece de que, se não existisse esse meio, os indivíduos que se tornaram viciados nele com certeza estariam procurando outra coisa para colocar no lugar.
Para muitas pessoas a timidez é o impulso para substituir o mundo real pelo virtual. É bom para a auto-estima, você é valorizado, mesmo que através de uma tela.