A jornalista Patrícia Silva, superintendente da Revista Tempo, faleceu na última segunda-feira (15), aos 52 anos, devido a um sarcoma pélvico, um tipo raro de câncer. Patrícia, norte-mineira, descobriu a doença em 2023, após notar um inchaço em uma das pernas. Exames de ressonância magnética e biópsia confirmaram o diagnóstico neste ano.
A cirurgia necessária para o tratamento, que exigia a atuação de um especialista, mobilizou amigos, colegas de profissão e familiares em uma campanha solidária para custear o procedimento. A operação foi realizada no dia 24 de novembro, em Belo Horizonte, e Patrícia seguia em recuperação. No entanto, nesta segunda, ela sofreu uma parada cardiorrespiratória, chegou a ser encaminhada ao Centro de Terapia Intensiva (CTI), mas teve outras intercorrências e não resistiu.
MANIFESTAÇÕES DE PESAR
O médico e empresário Ruy Muniz, fundador do Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro da Silveira (HCMR), e a médica Raquel Muniz, reitora do Centro Universitário Funorte, expressaram sua tristeza pela perda de Patrícia Silva, destacando sua contribuição ao jornalismo regional. “Com imenso pesar, recebemos a notícia de que a querida Patrícia já não está mais entre nós. Uma perda irreparável para a imprensa norte-mineira. Patrícia foi força, coragem, determinação. Como pessoa, como mulher e como profissional. Verdadeira sertaneja, verdadeira geraizeira. Daquelas que, apesar das pedras no caminho, vai rompendo, segue avançando. Sempre. Daquelas que não se dobram aos obstáculos. Nunca. Jamais. Através da Revista Tempo, ela apresentava a muitos o nosso Norte de Minas, a nossa cultura, os nossos talentos, a nossa força. Por tudo que foi e por tudo que fez, pela história que ajudou a escrever, Patrícia fica eternizada. Seu legado vai além das páginas da Tempo, muito além. Aos familiares e amigos, o nosso abraço. Que
Deus possa confortá-los nesse momento de tão imensa dor. Descanse em paz, Patrícia. Você cumpriu brilhantemente a sua missão por aqui”.
A jornalista do O NORTE, Márcia Vieira, amiga de Patrícia e colaboradora em alguns de seus projetos, destacou que foi graças à Revista Tempo, reativada na década de 1990, que pôde iniciar sua trajetória no jornalismo. “Já conhecia Patrícia antes da revista e, desde o primeiro encontro, construímos uma amizade que nunca se rompeu. Tornei-me colunista da Tempo e vivi noites intensas de fechamento ao lado dela e de Elton Jackson, na sede da revista. Quando Elton se mudou para Pirapora, Patty assumiu integralmente a publicação, abrindo espaço para inúmeros jornalistas, sempre acreditando no potencial de cada um. Mais do que uma incentivadora profissional, era uma amiga incondicional, presente em todos os momentos. Até minutos antes da cirurgia, manteve sua fé e seu carinho. Sua última mensagem para mim foi de proteção e bênçãos. Patty é sinônimo de generosidade, acolhimento e amor em ação. Pude dizer e ouvir esse amor ainda em vida”, relatou.
“Devastada com a partida de minha amada amiga Paty. Deus quis que eu me despedisse dela um dia antes da sua viagem para ser operada em Belo Horizonte. Me confidenciou a sua luta pelo terrível diagnóstico e disse da sua gratidão pelo apoio recebido da família e dos inúmeros amigos. Seus olhos cheios de confiança e de fé na certeza de que seria uma vitoriosa ao final do procedimento. Mas quis Deus recolher a sua filha, tirar o sofrimento da dor que era imensa e agora nos despedimos com o coração sangrando”, disse a amiga e fotógrafa montes-clarense, Silvana Mameluque Mota.
O jornalista Dihemerson Faria, ex-editor da Revista Tempo, relembrou que Patrícia Silva foi a primeira a reconhecer seu talento profissional logo após sua graduação. Uma matéria de capa publicada sob sua supervisão simbolizou a confiança que ela depositou no jovem repórter. “Um momento marcado por desafio, medo e, acima de tudo, aprendizado. Desde o primeiro contato, Patrícia sempre demonstrou uma humanidade rara, acompanhada de uma simpatia genuína que acolhe qualquer um. Ela soube enxergar potencial quando eu ainda estava construindo confiança e me colocou no exercício pleno da profissão. Tenho por ela um enorme carinho e uma profunda gratidão. Gratidão por acreditar no meu trabalho, por me permitir crescer como repórter e, em tão pouco tempo, confiar a mim a função de editor da revista”, agradeceu Faria.
Autoridades e entidades destacam legado profissional
Políticos, autoridades e entidades da região também manifestaram pesar pela partida. Em nota, a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) destacou a parceria com a jornalista e agradeceu sua contribuição ao jornalismo local. “Neste momento de dor e consternação, a Unimontes manifesta reconhecimento à trajetória e à contribuição de Patrícia Silva para a comunicação, para o desenvolvimento do Norte de Minas e do estado e, sobretudo, para o crescimento da nossa Universidade, da qual sempre foi uma fiel parceira, divulgando ações voltadas ao fortalecimento do ensino, da pesquisa, da extensão e da prestação de serviços à comunidade”.
A deputada estadual e vice-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Leninha, também expressou solidariedade neste momento difícil através de suas redes sociais. “Nos despedimos hoje da amiga e Superintendente da Revista Tempo, Patrícia Silva. Sua trajetória deixa um legado de compromisso com o jornalismo sério, comprometido com a democracia e com a verdade, que seguirá inspirando a todos nós. Minha solidariedade e meu abraço fraterno aos familiares, amigos e aos profissionais da imprensa de Montes Claros e do Norte de Minas nesse momento de dor. Que Patrícia siga na luz e que Deus a receba de braços abertos”.
Também pelas redes sociais, a Associação de Profissionais da Imprensa Mineira (APIM) manifestou solidariedade neste momento de profundo pesar pelo falecimento de Patrícia Silva. “Profissional dedicada e respeitada, Patrícia deixa uma trajetória marcada pelo compromisso com a comunicação, pelo profissionalismo e pela contribuição relevante ao jornalismo mineiro. Sua atuação firme e sensível fez diferença no fortalecimento da imprensa e na valorização da informação de qualidade”.
*Com colaboração de Alexandre Fonseca