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Quarta-Feira,24 de Setembro

O portador da Síndrome de Down e a inclusão familiar

Jornal O Norte
Publicado em 24/10/2006 às 11:31.Atualizado em 15/11/2021 às 08:42.

Nos últimos meses, em razão da abordagem do tema pela novela Páginas da Vida, exibida pela Rede Globo muito se tem falado a respeito da inclusão escolar e social do portador da síndrome de Down. Porém, não se deve deixar de fora dessa discussão, o papel importante que desempenha a família nesse processo. Afinal é ela quem apresenta e inclui o bebê à sociedade, desde o seu nascimento.



De acordo com a psicóloga, terapeuta familiar e doutoranda em psicologia clínica na PUC- Rio, Fernanda Travassos-Rodriguez, alguns pais, vítimas de um (pré) conceito internalizado, muitas vezes enraizado e tácito, retraem-se do contato social aparentemente por temor ao preconceito alheio. “Eles não se dão conta de que através dos olhos de outros possam ver o reflexo de seus próprios afetos temidos e guardados, que freqüentemente despertam-lhes sentimentos de vergonha e culpa”, explica.



Muitos pais de portadores da síndrome de Down passaram grande parte da vida sem terem contato com nenhuma criança, adolescente ou adulto nestas condições. Formaram (pré) conceitos sobre a síndrome e seus portadores, assim como todos formam (pré) conceitos sobre uma infinidade de temas que genuinamente desconhecem. “No momento em que alguém se torna pai, mãe ou mesmo irmão de um bebê portador da síndrome de Down seus preconceitos não desaparecem de imediato e isto pode causar muita dor”, revela Travassos-Rodriguez. “Há uma mistura de culpa e vergonha dos próprios sentimentos e da condição do filho ou irmão”, acrescenta.



Para a psicóloga, a única maneira de transformar o preconceito pessoal e/ou social é por meio da informação e da proximidade com o tema. “Vemos que muitas pessoas são capazes de transformar os seus preconceitos acerca dos portadores de diversos tipos de deficiência ao longo de um intenso aprendizado de vida com os próprios filhos”, informa Travassos-Rodriguez. Aqueles que não conseguem essa transição, diz a psicóloga, precisam de ajuda. “Mas, muitas vezes, nem sabem”.



A presença do portador da síndrome de Down na escola regular, na mídia e na sociedade de forma mais ampla denota uma mudança importante. Contudo, é importante dizer que a inclusão começa em casa, seja na relação dos pais que tem filhos com síndrome de Down, seja com pais que tem filhos sem nenhum tipo de síndrome e que permitem que seus filhos conheçam, se aproximem e convivam com as diferenças. “Existe uma grande necessidade que a criança com síndrome de Down seja genuinamente inserida na sua família para que se possa pensar em qualquer tipo de inclusão, pois uma inclusão que não é baseada em crenças verdadeiras dos próprios pais não funciona, não vinga e não transforma aqueles que cercam a criança”, afirma Travassos-Rodriguez.

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