No dia 6 de novembro, será lançado, no Centro Cultural Hermes de Paula, em Montes Claros, o livro “Bordados Poéticos”, uma coletânea que reúne o trabalho de diversas poetisas da cidade. Quem traz mais detalhes sobre a obra é a escritora Gi Lages.
Como nasceu o projeto “Bordados Poéticos” e o que ele representa para você?
Representa a inclusão em uma ciranda de mulheres sensíveis e amorosas, que aflorou ainda mais minha paixão pela poesia. Somos Cyntia Pinheiro, Maria Cida Neri, Júnia Velloso, Elisane Amaral, Mara Parrela e eu.
O livro surgiu de um exercício semanal de escrita. Como era essa dinâmica e o que ela trouxe de novo para sua criação poética?
A dinâmica foi estabelecida logo no início. A cada semana, uma poetisa, em uma sequência pré-definida, escolhia um tema. E assim criou-se um volume consistente e considerável para o livro. Lembro-me de pouquíssimas vezes em que os temas não nos inspiraram ou nos desafiaram!
Qual é a diferença entre poetar e bordar?
Entre o poeta e o papel há uma linha tênue, sem necessidade de seguir um molde.
Cada autora tem um estilo próprio. Como foi esse processo de costurar as diferentes vozes poéticas em uma só coletânea?
Esse olhar diferenciado nos aproximou literal e literariamente. A cada mote dado, fechado, “moldurado” com as artes da Cyntia Pinheiro, publicado, sentíamos uma emoção indescritível, que parecia sermos todas bordando em um só tecido. Mas bordando poesia.
O lançamento une poesia e artes visuais, com obras de Osmar Oliva e Sabrina Xavier. Como foi essa parceria e que diálogo se cria entre os poemas e os bordados?
A Sabrina Xavier foi contratada para fazer os bordados da capa de um único exemplar, que servirá para registrar esse encontro “físico” dos nossos bordados poéticos com os bordados com linha. O trabalho sensível dela nos atraiu muito. Recebemos esse belo presente da Júnia Rebello. E o Osmar Oliva, com aquelas lindezas de bordar em folhas e em tecidos sustentáveis, e paisagens geraizeiras, tem tudo a ver conosco.
A coletânea também é um símbolo de sororidade e colaboração feminina. O que mais te tocou nessa convivência entre mulheres que escrevem e se apoiam?
Empatia.
Por fim, o que você espera que o público sinta ao ler os poemas e visitar a exposição “Bordados Poéticos”?
Não vai ser uma emoção que se encontra em cada esquina, até porque o leque de emoções é bem variado, seja pelo mote, pela poetisa, pela forma, pela linguagem, pelo talento tanto das poetisas quanto das bordadeiras.
Entre os temas do cotidiano que inspiraram os poemas, há algum que te marcou especialmente ou revelou algo novo sobre você mesma?
Nenhum mote me tocou tanto quanto a convivência e a inspiração das poetisas e o que elas provocaram em mim.
Como foi ver o projeto ganhar forma física — do digital das redes sociais ao livro impresso e agora à exposição?
Um processo que foi amadurecendo, tomando outras proporções. A ideia de publicarmos uma coletânea totalmente diferenciada e bem cuidada nos impulsionou, e todas somos empreendedoras — seja na cultura, no turismo e, principalmente, na literatura.
Se sua poesia tivesse um ponto de bordado, qual seria — ponto cruz, corrente… e por quê?
Não sei bordar com linha, mesmo que tenha crescido vendo minha mãe bordar e ouvindo “mulher tem que saber bordar”. Mas segui outro rumo. Ouvi dizer “ponto avenca”, parece com o ponto pena, e faço uma relação com a pena escrita.