Do ponto de vista turístico, a região Norte de Minas obteve conquista maiúscula na última quinta-feira: o lançamento, em Belo Horizonte, do projeto “Cordilheira do Espinhaço”, destino que pretende integrar o sertão do Estado ao conjunto de atrativos do Espinhaço mineiro, considerada a única cordilheira do Brasil e reconhecida em 2005 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Reserva da Biosfera. É que a área, que abrangia até então apenas o Espinhaço Meridional (limite de Diamantina), foi ampliada em 2019, englobando 34 municípios do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha até o limite com a Bahia.
Esse fato colocou o Norte do Estado e Vale do Jequitinhonha em novo status de importância sócio-econômica para a conservação ambiental e desenvolvimento turístico. E nem poderia ser diferente: a Reserva da Biosfera, com seus campos rupestres e de altitude, juntos, protegem um dos maiores mananciais das principais bacias hidrográficas brasileiras, incluindo Minas Gerais e Bahia.
Aliada a essa importância hídrica, a paisagem histórica e natural do Espinhaço Norte, constituída por relevo montanhoso entrecortado por rios e cachoeiras de rara beleza, ensejaram mais essa iniciativa de fomento ao turismo regional. De modo que o projeto intitulado “Cordilheira do Espinhaço”, iniciativa das prefeituras com o apoio do Sebrae Minas e do governo do Estado, em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura e do Comitê Gestor da Reserva da Biosfera, pretende valorizar o potencial pouco conhecido pelo trade turístico e pela maioria da população, apesar de sua expressividade.
PÉROLA
No lançamento do projeto, a organização exibiu documentário no qual trata o destino turístico “Cordilheira do Espinhaço”, como “pérola da natureza”. As falas otimistas foram puxadas pelo discurso de Marcelo de Souza e Silva, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, para o qual “é de muita importância essa proximidade do Sebrae com as prefeituras para que os projetos se realizem com muito mais qualidade, com muito mais eficiência”.
Para tanto, no seu modo de entender, “em todas as etapas do destino turístico deve prevalecer o conjunto de esforços, então, é com muito orgulho que o Sebrae abre as portas para que isso aconteça”. Mais ainda, disse que “trata-se da única cordilheira do Brasil, então olhem só a nossa responsabilidade e grande oportunidade, que tem tudo para ser exitosa, ter enorme potencialidade, se tivermos uma governança bem trabalhada”.
Turismo sustentável
O ambientalista Eduardo Gomes, membro do Instituto Grande Sertão (IGS), entidade que articulou regionalmente a ampliação da Reserva da Biosfera para todo o Norte de Minas, além da participação ativa na criação do Parque Estadual de Botumirim, afirmou que a iniciativa que envolve os municípios de Grão Mogol, Cristália, Botumirim, Itacambira e Turmalina, “se reveste de especial importância por chamar atenção do Governo do Estado e da população sobre o grande potencial turístico regional, que abrange uma área com 34 municípios da região, nas bacias do São Francisco, Rio Pardo e Jequitinhonha”.
Para ele, “nenhuma iniciativa isolada tem chance de sucesso, visto que a integração de circuitos, roteiros e atrativos é que garante o desenvolvimento turístico sustentável”. Do ponto de vista institucional, cobrou uma revisão do sistema vigente do formato e gestão do planejamento turístico estadual em relação à estrutura e formato dos circuitos turísticos, principalmente no Norte de Minas, cujos municípios se agrupam de forma aleatória, desconsiderando aspectos comuns, como a história e a geografia, compatíveis com um produto turístico.
Alertou caber em especial ao governo do Estado garantir políticas públicas de apoio aos diversos projetos e iniciativas de instituições, órgãos, ONGs e prefeituras, “caso contrário, continuaremos num eterno discurso vazio sobre nosso grande potencial”. Finalizando, opinou que “as Minas precisam entender a dimensão dos potencias dos Gerais, do Norte e do Vale do Jequitinhonha, acima de todas as carências crônicas, já tão exaustivamente faladas.”
Um bom vinho para chamar de seu
Com o fomento do turismo na Serra do Espinhaço e, mais ainda, em face à possibilidade de criação do circuito da “Cordilheira do Espinhaço”, empresa turismo que opera em Montes Claros aposta todas as suas fichas na cidade de Grão Mogol. Isso, não apenas por seu patrimônio natural e seu casario colonial, como, igualmente, porque em suas montanhas têm sido produzidos vinhos de excelente qualidade. “Então, num só destino da cordilheira o turista tem atrativos histórico, natural e cultural”, explica o empresário Alexandre Damasceno, sócio idealizador do projeto “Vale do Gongo - uvas e vinhos finos”, que - aos finais de semana - promove a chamada “Fugidinha em Grão Mogol”.
Argumentou que, com a nova onda do turismo no município, a empresa disponibiliza pacotes que incluem transporte, hospedagem no Balneário do Córrego, city tour e, sobretudo, visita guiada aos parreirais do Vale do Gongo, onde é servido café sertanejo com quitandas mineiras e jantar harmonizado com vinhos na Casa Velha (casarão antigo do Século XXVIII), no centro histórico.
Argumentou que, o boom da produção de vinhos, com a marca do Espinhaço, deve ocorrer com outros setores da economia. “O turista que praticar esportes de aventura, bike, tracking, observação de aves, têm a possibilidade de vivenciar a experiência de degustação de vinhos do Vale do Gongo”, prossegue Alexandre Damasceno. Explicou que as vinícolas estão localizadas próximo ao Parque Estadual de Grão Mogol, “cuja beleza exuberante agrega mais valor ainda ao roteiro, sem contar com a hospitalidade ímpar, com a hospitalidade do povo do Jequitinhonha”.