(Arquivo pessoal)
Maria Tereza Pereira Santos, de 30 anos, é filha de um lavrador e de uma professora municipal. Com eles aprendeu sobre a importância do trabalho e da educação. O pai dizia sempre sobre a caneta ser mais leve que a enxada. A mãe, mesmo diante de todas as privações, fazia questão de a escola ser uma questão inegociável.
“Sempre fui uma boa aluna. Um mérito dos meus pais que me conduziram pelo caminho do trabalho e da educação e mérito meu, de respeitá-los e de entender desde a infância de que sim, a educação transforma vidas”, disse a campeã da Olimpíada Nacional de Contabilidade instituída pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), realizada pela Fundação Brasileira de Contabilidade (FBC) e promovida pelo CFC Jovem. Essa foi a primeira edição e aconteceu em Balneário Camboriú, durante o 21º Congresso Brasileiro de Contabilidade, de 8 a 11 de setembro.
Você nasceu em Coração de Jesus, Norte de Minas, e veio prestar o vestibular em Montes Claros. Como foi isso?
Montes Claros, além de cidade vizinha onde nasci e de abrigar parte dos meus parentes, é onde as oportunidades acontecem. Então, foi aqui que realizei o vestibular. Me formei em Ciências Contábeis pela Unimontes, sou especialista em Finanças Corporativas e Controladoria pela Universidade FUMEC e, atualmente, estou finalizando especialização em Auditoria e Perícia Contábil e trabalho como Analista Contábil.
Bastante engajada com relação aos anúncios, boletins e notícias do CFC e CRCMG, você, logo que viu a divulgação da olimpíada, correu para fazer a inscrição?
Sim, me lembro que fiz a inscrição com o coração apertado porque o período de inscrição coincidiu com uma fase terrível em que quase perdi meu irmão para um acidente de trânsito. E muitos profissionais registrados nos conselhos quanto estudantes de graduação puderam participar. Foi realizada em duas etapas, a primeira apenas virtual e a segunda poderia ser híbrida, mas preferi estar presente no congresso e aproveitar o evento. No segundo desafio, tivemos pouco tempo para preparar uma apresentação sobre a importância da inovação, do empreendedorismo e das soft skills na contabilidade para a Geração Z. No entanto, durante esse pouco tempo estavam ocorrendo palestras, inclusive de temas semelhantes. Hoje acho graça do meu desespero de não querer perder nenhuma palestra e me preparar ao mesmo tempo. Foi uma loucura, mas no final deu certo.
É sua primeira medalha?
Sim, é minha primeira medalha como profissional contábil. Ser finalista já foi muito gratificante e entre os finalistas estavam profissionais muito engajados e preparados. Não imaginei que fosse possível conquistar o primeiro lugar, mas já estava plenamente satisfeita em estar no congresso. Uma parte sensacional da premiação foi ver a torcida da Unimontes e o apoio do CRCMG. Ver que eles ficaram tão felizes quanto eu, me deixou muito emocionada.
Quais foram os desafios ao se preparar para a olimpíada?
Particularmente, meu maior desafio, além do pouco tempo para me preparar, foi falar com o público. Ainda mais um público tão gabaritado. Entre os presentes estavam o presidente do CFC, conselheiros do CRC de diversos estados, profissionais experientes, professores, palestrantes, entre outros.
Dê uma dica de estudo para os alunos que desejam seguir o seu caminho.
A dica de estudos para os alunos que posso dar é: esteja presente de corpo e alma nas aulas e absorva o máximo dos professores. Sem essa de deixar para estudar só antes das provas, de ir só cumprir a frequência, de ter vergonha de perguntar, de opinar, de questionar. O professor é sim uma autoridade, mas também é um “brother” e é genuíno do docente o desejo de ajudar e até mesmo de aprender algo com a gente. Outros pontos que acho importantes mais especificadamente para o estudante contábil: não avançar nos estudos sem ter os princípios e fundamentos da contabilidade bem mastigados. Eles são, de fato, a base de tudo que vem pela frente. E ter eles muito claros torna tudo mais fácil e objetivo depois. Já para quem já é formado na área, é imprescindível manter os estudos em dia e acompanhar as novas ferramentas tecnológicas e as atualizações legais e normativas. Ou seja, eternos estudantes.