
Uma a cada três crianças no Brasil tem perfil aberto em redes sociais, significando ausência de controle de quem visualiza ou segue os perfis. Esse dado foi divulgado pela Único, empresa especializada em identidade digital, e pelo Instituto de Pesquisas Locomotiva. Para Diana Troper, diretora de Proteção de Dados da Único, “essas informações que estão publicamente acessíveis ou com facilidade de acesso são de pessoas mais vulneráveis e utilizadas para cometimento de novos crimes e fraudes”.
No Brasil, a maioria das plataformas exige uma idade mínima de 13 anos para o usuário manter um perfil pessoal, porém, com o avanço da tecnologia, cada vez mais a idade deixa de ser uma barreira. A servidora pública Juliana Porto, mãe de Valentina, de oito anos, considera que, na dúvida sobre ceder ou não ao pedido da criança, o diálogo é um bom caminho, já que a filha nasceu em uma época onde a tecnologia faz parte do cotidiano. Para ela, o acordo funciona e é uma alternativa para fugir das armadilhas. “Conversamos muito e a condição que coloquei é que tivéssemos um perfil vinculado e fechado. Ou seja, tudo que ela faz, como vídeos, brincadeiras ou fotos, tenho controle e oriento quanto ao que pode ou não ser postado e compartilhado, com as amigas ou primas”, diz Juliana.
Já a advogada Wannessa Aquino optou por manter o filho Arthur, de 14 anos, longe das plataformas até quando considerar necessário. “Ele já me pediu para ter Instagram, porém eu não permiti. Fui obrigada a permitir o acesso dele ao celular durante a pandemia para assistir às aulas virtuais. Antes disso, ele não tinha celular. Como posteriormente eu não consegui retirar dele o aparelho, passei a controlar o tempo, limitei horários e aplicativos que ele pode ter. Ele não tem Instagram, Facebook e TikTok”, afirma a mãe, que buscou mecanismos para manter a proibição.
Como advogada, Wannessa destaca que já enfrentou várias situações envolvendo golpes financeiros, extorsão, vazamento de nudes, dentre outras. “Sempre que estou diante de situações assim, chamo o meu filho e oriento para que também não seja uma vítima. Ninguém está blindado de cair em golpes. O cuidado e a vigilância devem ser constantes. Ele usa a minha conta, meu ID, de forma que tenho controle sobre todo o conteúdo do aparelho, porém, no WhatsApp não consigo ter esse controle, então passei orientações sobre apenas se comunicar com pessoas do convívio dele”, explica.
A advogada orienta aos usuários, crianças ou adultos, para não facilitarem as situações para os estelionatários. “Os golpes por WhatsApp ou ligações telefônicas estão cada dia mais frequentes e, muitas vezes, é o usuário quem fornece as informações, inclusive fotos, senhas para acesso, facilitando para golpistas. Aderir às verificações oferecidas pelos aplicativos dão maior segurança nas transações, como, por exemplo, a verificação em duas etapas. Não fornecer informações, dados por telefone e evitar clicar em links perigosos também são maneiras de evitar fraudes”, sugere.