Uma ideia na cabeça e um celular na mão. Foi dessa forma que surgiram as fotos que integram a exposição fotográfica “Aldeia do Amanhã: Kokren Priãn (coração criança)”, do educador, escritor, multifacetado e montes-clarense, Auíri Tiago. Assim como o nome da exposição, Auíri também provém de uma língua indígena, o guarani, significando “aquele que é esperado”. A mostra acontece até o dia 29 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, no Museu Regional do Norte de Minas, localizado no Corredor Cultural de Montes Claros.

Auíri compartilha a experiência vivida por 45 dias junto à aldeia Nãnsêpotiti do território indígena do povo Panará; povo este que o rebatizou para Pôpasi, o guerreiro branco. O objetivo da exposição é contribuir para a discussão dos povos indígenas no Brasil, trabalhar a importância dos povos originários, fortalecer a identidade ancestral brasileira, promover a preservação da floresta e compartilhar experiências junto aos povos Panará.

Esta é a estreia do artista no mundo da exposição de fotografias, apesar de não se autodenominar um fotógrafo. Surpreendentemente, todas as imagens foram capturadas utilizando apenas um smartphone. 

“Apenas um bom e sensível observador. Minhas fotografias começaram para registro próprio. Depois, comecei receber observações de queridos falando da potência das imagens. Aí resolvi fazer a exposição dos povos originários já que é um tema que estudo e trabalho em prol. Imaginei que falar de um assunto tão sério pela beleza teria mais olhos-corações atentos”, revela.

O artista visitou várias aldeias, a Nansepotiti em especial pela enorme estadia. “Lá fui batizado e recebi nome e família”, revela. Para a historiada Karine Dias, Auíri Tiago apresenta ao público uma expressiva experiência sensorial e estética da arte ao retratar modo de ser dos povos originários e como se relacionam com a natureza. 

“Fotografias, pinturas, imagens e sons fazem parte da construção da mostra, e revelam o seu caráter dialógico, participativo com a cultura indígena, em especial com a ‘Aldeia do Amanhã’”, diz.

A exposição será dividida em dois momentos, com imagens coloridas retratando atividades cotidianas e projeções em preto e branco que provocam reflexão. 

O público-alvo inclui alunos da rede pública e particular de ensino, público geral, idosos e pessoas com necessidades especiais. A exposição terá duração de um mês no Museu Regional de Montes Claros. 
 
SAIBA MAIS
Os Panará, também conhecidos como Krenakore ou indígenas gigantes foram oficialmente contatados em 1973, quando a estrada Cuiabá-Santarém (BR 163) estava em construção e cortava seu território tradicional na região do Rio Peixoto Azevedo. A violência do contato ocasionou morte de 2/3 de sua população, em razão de doenças e massacres. À beira do extermínio, em 1975 foram transferidos pela Funai para o Parque Indígena do Xingu. Depois de um longo exílio, em 2022 fez 25 anos que concluíram seu retorno a uma parte de suas terras tradicionais no Rio Iriri, na fronteira do Mato Grosso com o Pará, deixando o Parque Indígena do Xingu (MT). Eles conseguiram retomar várias tradições perdidas, além de um expressivo crescimento demográfico, hoje são mais de 500. Também fundaram mais quatro aldeias além da Nânsepotiti – Kresan, Sankuê, Sôkarasã e Kôtikô – para distribuir melhor os recursos naturais, a caça e os peixes, de modo que haja fartura e nada falte a eles.

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