Francisca de Assis conta que o processo nasceu devagar, inspirado pela porcelana, cafés e pela arte em azulejos e mosaicos de artistas renomados como Gaudí (Arquivo pessoal)
O Museu Regional do Norte de Minas (Mrnm) apresenta, de 12 a 30 de novembro, a exposição “Tecitura Íntima”, da norte-mineira Francisca de Assis. A artista explora a fusão de elementos como o mosaico, a porcelana, painel de azulejos decorado com padrões florais e peças de porcelana pintadas à mão. Tudo isso para celebrar a beleza das flores e pássaros.
A ideia desta série, segundo a artista, veio da revisita que fez às suas raízes, onde os cafés, as visitas com a mãe e tias, as conversas em fim de tarde, o bordado e o crochê revisitaram tudo que ela viveu.
“Sim, os muitos momentos de afetos em minha vida. A porcelana, as toalhas bordadas com Richelieu, tudo me encantava e encanta até hoje. O rococó, também, foi minha inspiração”, diz.
Francisca de Assis conta que o processo foi nascendo devagar, a ideia central, e, além dos cafés e a porcelana, some a isso, as pesquisas de artistas renomados como Gaudí e outros que fazem a arte de azulejaria e mosaico.
“O difícil é começar a criar, depois que veio a ideia e nasceu o primeiro, um vai trazendo a inspiração para o outro, aí vem uma enxugada de ideias e cores”, revela.
Para Felicidade Patrocínio, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros e artista plástica, a exposição “Tecitura Íntima” celebra a trajetória de Francisca de Assis, cuja formação e vivências no interior mineiro moldaram sua arte.
“Nascida no interior mineiro e criada no afeto de um berço amoroso, a fina educação de Francisca Assis, voltada para as artes femininas, habitam seu inconsciente e muitas vezes emergem no fluxo de sua expressão artística. Após anos de exercício estético no qual o figurativo poético validou seu desejo de beleza, a artista dá vez e espaço às imagens que brotam vivas e espontâneas da sua memória de infância e juventude. E assim, como elas chegam, misturadas ou soltas, às vezes aos turbilhões, como numa mansa cascata, são recebidas e bem distribuídas sobre o suporte da tela no calor da criação”, diz.
São rendas, rendados, crochês, porcelanas, azulejos, pinturas. Cada lembrança, com sua beleza e significado próprio, vai se casando às demais e formando um campo de cores e contornos que reportam à inclusão de estilos e traços diversos, fazendo da obra uma arte contemporânea.
“É a nova fase artística de Francisca, uma síntese feliz do caminho fecundo e bem-sucedido que trilhou ao longo de uma vida criativa e que agora na maturidade da sua arte se entrega à liberdade de mostrar-se com toda a originalidade das sementes que a gestou. A exposição individual que a artista nos anuncia, propõe uma viagem nesta nova atmosfera de tão rica estética e liberdade merecida. Parabéns Francisca”, celebra Felicidade Patrocínio.
TECNOLOGIA
A fusão entre arte e tecnologia tem se mostrado cada vez mais presente na vida dos artistas que atualmente utilizam novas ferramentas para produzir arte de forma inovadora.
“O que seria da gente sem a pesquisa? A tecnologia nos inspira, nos conecta com o mundo inteiro, em tudo eu uso e fico grata por esse leque que ela nos proporciona. Uso o iPad para criar os meus projetos, desenho e coloco cores, tiro e põe, detalhes que com o lápis não seria tão rápido. Quando vou para a tela, desenho e tiro a foto, para fazer detalhes no iPad e amo fazer assim”, conta.
Com relação aos desafios que tem vivenciado em sua carreira, Francisca diz que criar e fazer a arte, é uma realização pessoal.
“Mas penso que a venda é muito interessante, uma vez que gastamos muito para chegar no resultado final e comprar mais materiais. É importante saber que outras pessoas estão apreciando a sua arte, isso nos empolga a criar mais e mais. E isso é um desafio, pois as pessoas gastam muito nas construções, quando chega a hora de colocar uma tela que condiz com o ambiente, acaba por colocar uma gravura, para ficar mais barato”, afirma.