Maio Amarelo

Movimento escolhe temas impactantes para reduzir acidentes de trânsito

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 06/05/2025 às 19:00.
A publicitária Desirée Lira sofre com as sequelas físicas e emocionais resultantes do acidente de trânsito que enfrentou (arquivo pessoal)
A publicitária Desirée Lira sofre com as sequelas físicas e emocionais resultantes do acidente de trânsito que enfrentou (arquivo pessoal)

A Campanha Nacional de Conscientização sobre Segurança no Trânsito, parte do movimento “Maio Amarelo”, chega em 2025 com o lema “Paz no Trânsito Começa por Você”. Iniciado em 2014, o movimento seleciona anualmente um tema para impulsionar ações educativas. Desta vez, a Praça Dr. Carlos acolherá o evento de lançamento do “Maio Amarelo” na manhã de quarta-feira (7), a partir das 8 horas, organizado pela Empresa Municipal de Planejamento, Educação e Gestão de Trânsito (MCTrans) e contando com a colaboração de diversas instituições parceiras.

A falta de atenção ao volante é apontada como uma das principais causas de acidentes. O excesso de velocidade, o consumo de álcool, o uso de celular enquanto dirige e o desrespeito às leis de trânsito contribuem significativamente para o aumento dos acidentes. Dados do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mostram que na região Macro Norte e no município de Montes Claros, foram registrados em 2024, 8.408 atendimentos às vítimas de acidentes de trânsito, sendo 2.257 destes acidentes relacionados a carros, 4.864 com motos, 775 com bicicletas e 512 atropelamentos. Em 2025, no período de janeiro a março, foram 1.955 atendimentos. 529 envolvendo carros, 1.128 com motos, 193 com bicicletas e 105 atropelamentos.

E mesmo com o passar dos anos, quem viveu a situação guarda sequelas físicas ou emocionais. No caso da publicitária Desirée Lira, as lembranças estão vivas, seja quando passa pelo local do acidente ou durante as sessões de fisioterapia. E foi durante um desses momentos de tratamento que ela conversou com a reportagem sobre o ocorrido. “Tem bastante tempo, mas eu tive sequela e quando a dor piora, tenho que fazer fisioterapia”, diz.

Era 2014 e, no final da aula na faculdade, ela pegou um moto táxi para chegar à casa do noivo. No cruzamento de uma avenida movimentada, um veículo entrou na contramão e bateu na moto em que ela estava como garupa. Os dois, ela e o motorista, foram arremessados para uma distância considerável e o motorista do veículo fugiu sem prestar socorro. Um policial à paisana perseguiu o automóvel, que era dirigido por um menor, acompanhado de outros menores, sendo constatado que eles estavam embriagados.

Desirée foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros, acionada por populares no local. “O piloto da moto ficou levemente ferido. Machuquei bastante, apesar de estar com capacete. Ferimentos nos cotovelos e nos dois joelhos. Bati a cabeça e tive um corte profundo. Até hoje tenho uma área da cabeça que não nasce cabelo e que perdeu um pouco a sensibilidade”, relata a publicitária que, dois meses depois, se mudou para um apartamento próximo à área do acidente e teve dificuldade para passar novamente pela via. Em relação aos desdobramentos da ocorrência, ela soube que o pai do menor assumiu a responsabilidade pelo acidente e “não deu em nada. O que me foi informado é que o mototaxista fez um acordo e ganhou uma moto nova. Ele saiu no lucro e eu fiquei com as sequelas”.

Lidiana Oliveira enfrentou a desagradável experiência de ter sua vida impactada pela falta de cautela de um condutor. Em uma viagem de trabalho, foi surpreendida por um caminhão que fez uma ultrapassagem irregular. “Tive que tirar o carro da estrada e joguei no acostamento. O carro capotou várias vezes e eu vi tudo aquilo, consciente, até na hora do resgate”, disse. Desse episódio ficou como resultado o trauma físico e o emocional. “Tive várias lesões no corpo, fiquei com o tórax achatado, encurtamento de vértebras, várias fisioterapias, muita medicação e o medo de dirigir. Só uso o carro em caso de extrema necessidade. Estradas, nunca mais”, declara Lidiana, que acha relevantes as ações do Maio Amarelo. “Se cada um respeitar as regras, evita esse tipo de situação, como a que aconteceu comigo”, acrescenta. 

Para a médica de trânsito Raquel Muniz, a prevenção é o caminho e tudo passa pela educação. O exemplo, segundo a médica, muitas vezes parte das crianças. “Elas aprendem e pedem aos pais para não avançar sinal, para respeitar as leis de trânsito. É preciso que a educação continuada ocorra nas escolas, e como efeito, teremos um trânsito seguro. Mas as redes sociais, os jornais, a mídia de modo geral, também têm que ter essa preocupação de orientar para a prevenção”, argumenta. Raquel lista medidas essenciais como “o uso da cadeirinha para as crianças, uso de cinto de segurança — que acredito ser um grande ganho, respeito às faixas de pedestres, aos semáforos, dentre outras iniciativas. As orientações devem ser difundidas em todo o ano e em todos os segmentos, com foco especial nos pedestres, sendo recorrentemente vítimas de atropelamentos”. 

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