- Inseguros e reféns da nossa própria vida.

Assim definiu o comerciante do bairro São José, que não quis se identificar com medo de repressão dos criminosos, a atual situação dos moradores do bairro que têm sido reféns dos moto-assaltantes que estão agindo a qualquer hora do dia.

Segundo o comerciante que já foi assaltado por várias vezes, os moradores estão com medo até dentro de casa.

- Todos estão com medo. Não estamos seguros nem em casa. Nosso medo é que o comércio, que é o sustento de nossas famílias seja novamente assaltado. Tememos por nossas vidas, pela vida de nossa família, de nossos funcionários. É preciso que as autoridades façam algo urgente para evitar grandes tragédias, pois a cada dia os bandidos estão mais ousados, roubam, agridem e até matam por pouco dinheiro ou quase nada – disse o comerciante.

MOTOQUEIROS

O empresário Natalino Gonçalves que teve sua empresa localizada no centro assaltada na última semana, afirma que é preciso mais agilidade da polícia ao ser acionada.

- Dois motoqueiros chegaram aqui, obrigaram as funcionárias a deitarem no chão, as agrediram com puxões de cabelos, tentaram obrigá-las a abrir o cofre. Sempre com revólver em punho. Se não fosse um dos funcionários que tentou distrair os assaltantes enquanto a polícia era acionada, poderia ter acontecido algo pior. O que é revoltante é que deu tempo dos bandidos levarem as bolsas das funcionárias, o dinheiro do fechamento do caixa. Eles tentaram fugir em uma moto que não pegou, saíram empurrando o veículo e a polícia não chegou – relatou o empresário.

Ainda segundo Gonçalves a polícia deveria procurar localizar os bandidos e não ficar preocupada em pegar identificação das vítimas.

- O tempo que eles perdem aqui, pegando dados das vítimas, se fosse aproveitado para localizar os bandidos com certeza eles seriam presos. O problema é que este tempo de registrar boletim de ocorrências é utilizado pelos bandidos para fugir, assaltar outros lugares e até matar.

POVO ARMADO

Já o advogado Antônio Proença, que também teve sua empresa localizada na Vila Brasília assaltada por várias vezes por moto-assaltantes, acredita que a solução para acabar com a ousadia dos bandidos é armar a população.

- Se tem pai de família, gente trabalhadora e até criança morrendo e aparentemente a polícia, por falta de estrutura oferecida pelo Estado, não consegue dá o respaldo esperado pela população, que paga os impostos mais caros do mundo para ter segurança, a única solução para acabar com esses crimes é armar a população. Hoje bandido não tem mais medo da polícia, temos o caso do Feijão Semeado, onde um pai foi executado junto com sua filha porque lutava pela paz e pelo fim do crime organizado no local que é considerado como zona quente de criminalidade em Montes Claros. O caso do Feijão Semeado é um alerta para os órgãos de segurança pública. Os bandidos estão anunciando a independência do crime organizado na cidade e se não houver uma ação imediata dos órgãos de segurança pública, nem a polícia conseguirá pará-los. Eles (os bandidos) continuaram roubando, traficando, matando e gozando de uma vida comum, certos da impunidade – afirmou o advogado.

BAIXADA FLUMINENSE

O morador do Alto São João, João Jorge Soares, que teve sua residência assaltada na última semana relatou sua indignação com a ação dos bandidos nos quatro cantos da cidade.

- Infelizmente Montes Claros está se tornando em uma baixada fluminense. A zona norte da cidade que compreende os bairros Vila Tirandentes, Renascença, São José, Cidade Cristo Rei e Alto São João, está totalmente dominada pelos bandidos. Falta vontade política, até os postos policiais estão acabando nos bairros. O medo tomou conta de toda a população. O pior de tudo é que a polícia está desmotivada porque, quando age, ou mata um bandido, perde a farda, e ainda esbarra nos defensores dos direitos humanos – disse Soares.