Moradores da Vila Mauricéia pedem socorro à Polícia

Jornal O Norte
Publicado em 29/12/2006 às 08:39.Atualizado em 15/11/2021 às 08:47.

Ação de bandidos que andam armados e os recentes tiroteios amedrontam populares






Gissele Niza



Repórter



Moradores dos bairros Vila Mauricéia, Vila Oliveira e Panorama 2 estão amedrontados com a ação de criminosos que estão freqüentemente armados nas ruas e com dois tiroteios registrados na manhã de Natal, segunda-feira última.



O Norte confirmou, na tarde de ontem, a informação de um morador do Bairro Panorama 2, que na terça-feira enviou mensagem ao site montesclaros.com relatando os momentos de horror vividos pelos moradores na manhã de Natal, quando foram registrados dois tiroteios na Vila Mauricéia, a polícia foi acionada, mas nenhum bandido foi preso.



Nos bairros, moradores temem passar informações com medo da ação dos criminosos. Um comerciante que pediu para não ser identificado relatou que os moradores da Vila Mauricéia e bairros adjacentes estão vivendo sob a tensão e medo de que a qualquer hora uma bala perdida possa vitimar uma pessoa inocente.



- A violência, a ação de menores e motoqueiros que andam armados por todos os cantos, isso tem deixado todos nós com medo. Somos vítimas da prisão doméstica, onde não sabemos se estamos seguros nem mesmo dentro da nossa casa. Precisamos de ajuda urgente das autoridades policiais, para tomar uma posição contra esses grupos que estão cada dia mais organizados e não têm amor nem com a vida – diz o comerciante.



O Norte, que tentou contato por telefone e através de e-mail com o morador do Panorama 2 que relatou os momentos de tensão vividos no dia de Natal durante os tiroteios na Vila Mauricéia, porém sem êxito. Também tentou contato durante todo o dia de ontem com a polícia militar para apurar as informações e saber quais as providências estão sendo tomadas para evitar a ação dos criminosos nos bairros citados na reportagem mas obteve a resposta de que ontem era dia de confraternização da tropa, não havia expediente e conseqüentemente, não teria ninguém para passar as informações.



A seguir partes do relato enviado ao site da cidade às 10h52 de terça-feira, 26 de dezembro de 2006:



- Natal! ... acordamos tarde, por volta das 11:00 da manhã, ouvia-se ao longe os tiros, parecia dia de Nossa Senhora Aparecida que tem aquele foguetório ao meio dia, mas a triste constatação que fizemos era que se tratava de mais um tiroteio na favela da Vila Mauricéia, quase não acreditamos ao vermos os garotos como que em um duelo uns de um lado da rua atirando nos outros que hora corriam hora atiravam também, sumiram! Logo em seguida vieram três e dispararam quatro ou cinco tiros na porta de uma casa ao lado da venda. Meia hora depois a viatura da polícia passou, passou mas não parou, mas amenizou a tensão que era visível no rosto da população. Entre atiradores, balas e animais, havia mulheres com criança, mulheres sem criança e crianças sem mulheres. Dá um frio, depois um nó na barriga ao lembrar de uma cena dessas. Fomos almoçar tudo parecia calmo... às 16:30 vimos que a impressão de calma havia passado e que o terror estava estampado nos rostos assustados da população que fugia, hora para dentro de casa, hora para fora pois os atiradores pulavam de quintal para quintal e já entravam atirando uns nos outros, vieram seis motos com dois ocupantes cada, capacetes escuros e armas nas mãos. As mães juntaram as crianças que estavam na rua e foram para dentro do muro de um terreno grande, daqueles que tem um monte de casas no mesmo lote, tinha crianças a brincar no quintal também e mal as mães entraram com os filhos no colo saíram às pressas pois parte dos motoqueiros pulou o muro atirando, e a outra ficou na rua com armas em punho, antes de pularem o muro gesticularam um para o outro feito jogadores de vôlei antes de sacar, e de fato sacaram cada um a sua arma. A cena mais marcante foi de uma menininha que parecia ter uns 3 ou 4 anos, de calcinha e uma camisetinha que ia até o umbigo e deixava amostra a sua barriga grande que saiu correndo tropeçou em um dos atiradores e saiu para a rua de quatro e chorando. E tiro para todo lado.



Contamos nesta hora mais de 13 pessoas armadas todos jovens... Vieram duas viaturas da polícia, totalizando 4 policiais e ficaram rodeando a favela,(...), e os atiradores evacuarem ou esconderem as armas, depois de várias voltas entraram. E lá ficaram falaram com um e com outro, vieram cinco motos com um policial cada, rodearam a favela tal qual aos carros depois cruzaram o local que a pouco havia sido campo de batalha em alta velocidade em seguida tomaram destino ignorado. As viaturas foram embora e tudo ficou calmo até às 2:50 da manhã quando acordamos assustados com outro tiroteio, contamos 22 tiros seguidos por correria e depois pelo mais profundo silêncio. Às 3:20 passou uma viatura da polícia, não parou nem se quer reduziu a velocidade. Fizeram bem em não parar seriam vítimas fáceis para bandos tão bem armados e até organizados. Parecia aquelas cenas que vemos nos jornais sensacionalistas quando mostram as favelas lá do Rio... Da uma enorme sensação de insegurança principalmente para nós moradores do Panorama 1 e 2, Vila Mauricéia e Vila Oliveira. Sabemos que naquela favela moram pessoas de bem, mas, recorrer a quem? E nós que não sabemos se saímos, se ficamos ou se mudamos de vez! O medo maior é da morte, ao que tudo indica só podemos contar com a sorte! -

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por