Quem nunca sonhou em ter uma bicicleta? Quando criança, normalmente, sonhamos em voar ou pedalar. Essas paixões infantis muitas vezes não vão embora só porque crescemos. E essa adoração pelas magrelas que leva muitos montes-clarenses a fazerem do pedal um hábito – seja como esporte ou por lazer.
Movido por essa paixão, Cláudio Macedo criou, no ano passado, o “Clube das Bikes Antigas”, em Montes Claros. “Quando eu era menino, meu pai tinha uma loja de bicicletas, que funcionou de 1947 até 1970. Eu brincava com meus amigos de infância na minha rua, a gente corria muito com elas. Quis reviver esses bons tempos”, conta Cláudio.
Com ele, mais 72 integrantes reverenciam os modelos que são mais “retrô”, porém, construídos, se possível, por eles mesmos. Segundo o presidente, o clube conta hoje com pelo menos 80 bicicletas cadastradas.
“Em tempos modernos e mais capitalizados, tudo parece se materializar em nossas mãos. Antigamente não era bem assim. Possuir uma bicicleta era ainda mais difícil”, lembra Cláudio.
Nesta sexta-feira (3), foi celebrado O Dia Mundial da Bicicleta. A data foi instituída em 2018 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para incentivar o uso desse meio de transporte, apontado como uma alternativa benéfica para a saúde e para o meio ambiente.
SAUDOSISMO
Montes Claros é uma cidade com forte apelo para o uso das bikes – seja para mobilidade, lazer, atividade física, competição ou apenas por saudosismo.
E esse sentimento foi despertado na jornalista Andréa Fróes ao ver tanta relíquia reunida em uma exposição feita pelo Clube das Bikes Antigas no Mercado Municipal de Montes Claros.
Ela relembrou a infância em Mirabela, pequena cidade que fica a 66 quilômetros de Montes Claros. “A gente tinha poucos meios de locomoção. Ou a gente andava a cavalo ou de bicicleta”, conta, sorrindo.
Existiam, naquele tempo, tipos de bicicletas que faziam mais sucesso no meio da “rapaziada”, como as Monark, Monareta, Caloi e Brasiliana. Para os adultos, as importadas das décadas de 1930, 1940, como Philips Hércules, cita Cláudio.
O presidente do clube diz que em Montes Claros a mais antiga é uma bicicleta inglesa, da Philips, de 1939, restaurada, aro 28 e de sua propriedade. A mais relevante do acervo do clube é outra da mesma marca, feminina, da década de 1949, que ainda está sendo restaurada e, de forma surpreendente, ainda possui peças originais.
No Brasil, as Monaretas são as mais cobiçadas e caras do país. Segundo Cláudio, as bicicletas importadas, depois de restauradas, podem chegar a valer R$ 5.000. “Tudo vai depender da originalidade da bicicleta”, explica.
Ele destaca que em Montes Claros há muitas bicicletas antigas, mas que a raridade e valor são desconhecidos e os donos tratam como uma coisa velha. “Às vezes, a bicicleta está na casa, entulhada, pois pertencia ao avô ou tataravô e a pessoa só deixa lá, porque é uma lembrança, sem entender o valor histórico que tem em mãos”, ressalta.
SENTIMENTOS
Lembranças e emoções do passado sempre cercam as magrelas mais antigas. É o caso da Monareta aro 20 que marcou a infância do motorista Cristiano dos Santos Vieira, que ganhou o modelo do pai, quando criança, e hoje adora passear sobre duas rodas. “Pela recordação do momento feliz que tive com meu pai, hoje adoro sair por aí em uma bicicleta curtindo a natureza”.
