Ambiente hostil

Mais da metade das empreendedoras em Minas já sofreu preconceito, aponta pesquisa do Sebrae

Larissa Durães
Publicado em 08/03/2022 às 22:29.
Jornalista e diretora institucional do IFNMG, Andreia Pereira da Silva ressalta ainda a luta contra o racismo (ARQUIVO PESSOAL)

Jornalista e diretora institucional do IFNMG, Andreia Pereira da Silva ressalta ainda a luta contra o racismo (ARQUIVO PESSOAL)

Elas têm mais estudo, empreendem mais por oportunidades do que os homens, investem mais no comércio pelas redes sociais e seguem sofrendo preconceito no mundo dos negócios. É o que aponta pesquisa do Sebrae Minas.

Das 2 mil empreendedoras entrevistadas, 52% assumiram ter sofrido algum tipo de preconceito pelo fato de ser mulher. Dentre as brancas, foram 54% e, dentre as negras, 49%. 

“Isso pode ser explicado pelo fato de elas terem uma escolaridade maior, e também porque, em média, como mostra a pesquisa, o orçamento familiar depende mais dos rendimentos do homem do que da mulher”, destaca Paola La Guardia, analista de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas. 

Ainda de acordo com a pesquisa, os homens são maioria entre os Microempreendedores Individuais (54%), contra 46% de mulheres, mas são elas que empreendem mais por oportunidade (64% contra 59%). 

“Não é à-toa que a maior parte (73%) das entrevistadas confirmaram a existência de um machismo cultural, principalmente em segmentos com predominância da liderança masculina. São problemas culturais com barreiras invisíveis, mas bem reais”, pondera o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Roberto Simões. 

Para a titular da delegacia de mulheres em Montes Claros, Karine Maia, o caminho a seguir é o da mudança estrutural. “Precisa ocorrer a reestrutura-ção de todo o sistema”, diz ela. “Porque como se sabe, a mulher não sofre preconceitos somente na busca do sucesso profissional, mas também no dia a dia, só por ser mulher”. 

Para a delegada é necessário buscar uma sociedade mais empática. “É preciso pensar em mudanças de conceitos, de quebrar rótulos que foram impostos pela sociedade, e só seremos capazes se assumirmos o protagonismo da nossa vida, como mulheres, sem aceitar uma relação violenta, em todos os sentidos, buscando nos capacitar, melhorando como pessoa, é esse o caminho”. 

A delegada explica que a delegacia da mulher na cidade procura ajudar encorajando e empurrando as mulheres para a vida. “A vida não é algo só bonito e fácil, passa também por momentos difíceis, e isso só nos engrandece, só enriquece”, frisa a delegada. 
 
DESAFIO MAIOR 
Para mulheres negras o desafio parece ainda maior. “Já percebia que a sociedade não acolhia a mulher negra da mesma forma que a branca. Por isso busquei nos estudos uma forma de me empoderar, tanto intelectualmente quanto financeiramente. Como uma mulher negra, hoje compreendo perfeitamente a importância de exercermos o autocuidado e de aprimorarmos, cada vez mais, a nossa consciência racial”. 

Quem diz isto é Andreia Pereira da Silva, jornalista e diretora de Desenvolvimento Institucional do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG).

Para ela, “o enfrentamento do racismo passa a ser um compromisso diário”.

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