Abalada e chorando muito. Este foi o estado que a professora C.C.O de 24 anos se apresentou a titular da delegacia de repressão aos crimes contra mulheres, delegada Maria de Lourdes Narciso, como a mãe da criança recém-nascida abandonada no dia 27 do mês passado, na porta de uma residência, no bairro Cândida Câmara.
A delegada Maria de Lourdes contou a O Norte que a professora declarou em depoimento que foi vítima de estupro em fevereiro deste ano, quando participava de uma festa de carnaval na cidade de Diamantina. A professora disse que só descobriu a gravidez dois meses depois do carnaval, no mês de maio, e guardou segredo de toda sua família e que abandonou a criança por medo de não amá-la.
CRIANÇA PREMATURA
Ainda de acordo com a professora, a criança nasceu com apenas sete meses, no dia 1º de outubro e ficou internada por 27 dias no hospital Universitário Clemente Farias, sendo que neste período comparecia todos os dias ao hospital para amamentar a filha.
Após receber alta, a professora decidiu doar a criança a uma amiga de sua família, a professora Elba Coelho Gonçalves, que encontrou o bebê na porta de sua residência em uma banheira com um bilhete.
De acordo com as investigações da polícia civil, o bilhete foi escrito pela professora com erros propositais para que sua identidade não fosse descoberta, aparentando assim ser uma pessoa de pouca escolaridade.
“TEMIA NÃO TER AMOR A CRIANÇA”
Segundo a delegada Maria de Lourdes, a professora disse também que pretendia deixar a criança para adoção, desde a descoberta da gravidez. - A mãe da criança está bastante frágil e abalada psicologicamente. A professora declarou ainda, que temia não ter amor a criança, fruto de um ato violento, que foi o estupro - informou a delegada.
A professora declarou ainda que: - após dar luz ao bebê procurei ajuda com conselheiros tutelares e assistente social do hospital onde deu a luz, porém não recebi a orientação do processo de adoção. Fui até o orfanato, mas lá eles informaram que o local só recebia criança com idade a partir de dois anos.
CONDENAÇÃO
Segundo a delegada Maria de Lourdes o inquérito instaurado para apurar o fato deve ser concluído nos próximos dias e enviado à Justiça de Menores. A professora poderá ser indiciada pelo crime de abandono de recém-nascido, expor ou abandonar recém-nascido para ocultar desonra própria, previsto no artigo 134 do código penal. Se condenada, a professora pode pegar de 6 meses a 2 anos de reclusão.