Turismo

Joia do Norte de Minas

Grão Mogol é hoje um dos roteiros turísticos mais importantes do Estado, com casario colonial e construções em pedras

Manoel Freitas
13/10/2022 às 23:05.
Atualizado em 13/10/2022 às 23:08
 (Manoel Freitas)

(Manoel Freitas)

Por força de um conjunto de atrativos, Grão Mogol é hoje um dos roteiros turísticos mais importantes do Estado. Seu casario colonial e construções em pedras, que não são encontradas nem mesmo em Diamantina, é o retrato no Espinhaço Norte da Minas Gerais que, em face de suas riquezas minerais, historicamente atraia exploradores do mundo inteiro. 

No presente, além de preservar seu centro histórico, recebe grande visitação por seu patrimônio natural e hospitalidade genuinamente mineira. 

O principal ponto turístico é a Matriz de Santo Antônio, erguida na segunda metade do século XIX por escravos cedidos pelo Barão de Grão Mogol. Com estrutura de madeiras e pedras, a despeito de seu estilo eclético, segue traçado das igrejas barrocas. Inaugurada em 1858, ano de fundação da cidade, em 2016 foi tombada pelo Conselho Estadual do Patrimônio Cultural de MG. 

Grão Mogol tem um dos mais importantes presépios naturais do país e promove intervenções para valorizar sua arquitetura, a ponto de transformar a cidade em “museu a céu aberto e museu do território”, propostas que passam por investimentos em apresentações artísticas: música, dança e teatro. 

CAMINHOS PROIBIDOS
Ítalo Oliveira Mendes, turismólogo e secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Grão Mogol, explica que “o ciclo da exploração do diamante ajuda a posicionar o município, porque até 1730 só existia diamante na Índia, quando é encontrado em Diamantina”.  

Conta que “a notícia se espalhou, e logo gente do mundo inteiro passou a procurá-lo também em outras cidades ao longo da Serra do Espinhaço, oportunidade em que encontram em Grão Mogol uma abundância muito grande de diamantes, sobretudo ao longo do Rio Itacambiruçu e na vizinha Serra de Santo Antônio”.

Fenômeno intensificado em seu território, também, porque na época, pela primeira vez no planeta, foi encontrado o diamante no veio das rochas, transformando-o, então, no município mais importante do Norte.  

Explica o turismólogo que o diamante encontrado em Grão Mogol não era transportado pela Estrada Real, mas, sim, pelo Espinhaço-Norte, Porteirinha, Mato Verde, Monte Azul, “sendo então vendido a contrabandistas nos portos de Porto Seguro e Salvador, ou seja, pelos caminhos proibidos”. 

Baseado em informações de pesquisadores, o turismólogo argumenta que, nessas rotas de contrabando, “os garimpeiros de Grão Mogol fundam a Chapada Diamantina. Então, pode-se dizer que, no Brasil, o diamante foi encontrado primeiro em Diamantina, depois Grão Mogol e na sequencia Chapada Diamantina”. 

Observa o secretário que conta a favor do fomento do turismo a criação do Parque Estadual de Grão Mogol, com endemismo da fauna e flora; bem como o incremento na produção de uva e vinho – propiciados por clima ameno - que ensejam a visitação dos vinhedos. 

“Sem contar que esses caminhos centenários são hoje um banquete para os praticantes de esportes de aventura pela conexão entre suas trilhas de tropeiros, como trekking e ciclismo”.

Pedreiro dá vida a muros
A recuperação de muros e fachadas de Grão Mogol, com o objetivo de espelhar o casario que começou a ser erguido na época do garimpo, tem chamado atenção. Milagre do santo de casa, o pedreiro Geraldo Havaí Froes, de 57 anos, que conta ter herdado a arte do pai, o também pedreiro Dico Froes.  

“É um trabalho demorado, porque não se trata somente de pintura, tem muito relevo, detalhes que absorvem meu tempo a ponto de muitas vezes esquecer até da hora do almoço”. 

O artista plástico Rogério Figueiredo mantém ateliê às margens do Rio Ribeirão do Inferno, que corta a cidade. Em telas, retrata o garimpo e o casario, fazendo questão de ressaltar que “quem construiu Grão Mogol foram os garimpeiros pobres, de modo que nosso conjunto arquitetônico é bem diferente de Diamantina, Ouro Preto e Parati, edificados por pessoas abastadas”.

Observa que “Grão Mogol era considerada antigamente como cidade dos becos, porque eram neles que se sacramentavam a trocas do garimpo, comércio muito grande às escondidas que provocou aqui verdadeiras guerras, tanto é verdade que temos o Córrego das Mortes, a Cachoeira dos Infernos e o Rio Ribeirão do Inferno”.

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