Policiais militares da cidade de Cristália prenderam na madrugada de ontem o jardinheiro, Denilson de Jesus Santos, 20 anos, que confessou o assassinato da doméstica Raquel Aparecida Mendes da Silva, 19 anos, cujo corpo foi encontrado já em estado de putrefação na última sexta-feira 24, em um matagal da Vila Mauricéia em Montes Claros.
Denilson confessou o crime e contou os detalhes de como abordou Raquel e a levou para o mato, onde a matou com pedradas após tentar enforcá-la
O crime brutal de estupro seguido de assassinato chocou a população do bairro que no mesmo dia em que o corpo da doméstica foi encontrado apontou como assassino Denilson de Jesus.
O acusado estava sendo procurado pela polícia desde o dia que o crime foi descoberto, após depoimentos de testemunhas de que o mesmo teria falado com várias pessoas do bairro de que iria matar Raquel além de ter sido a última pessoa vista em companhia da vítima.
O CORPO
O corpo de Raquel Mendes foi localizado já em estado de putrefação e coberto por bichos e moscas em um matagal localizado na Vila Mauricéia e, segundo a perícia técnica, ela morreu por esmagamento facial.
A prisão aconteceu após denúncia anônima de que o foragido estava escondido em uma casa na região central de Cristália, preparando-se para fugir.
Policiais militares cercaram a referida casa e efetuaram a prisão de Denilson que tentou reagir, mas logo confessou o crime.
Denilson foi encaminhado à delegacia de polícia civil de Grão Mogol, onde uma equipe da polícia civil de Montes Claros o aguardava com mandado de prisão expedido pela justiça da cidade, a pedido do titular da delegacia de homicídios, delegado Giovani Siervi.
DEPOIMENTO
Na delegacia de Grão Mogol, Denilson prestou depoimento falso, afirmando que teria apenas assistido ao crime e acusou o amásio de Raquel, com quem ela tinha um filho de 2 anos, de ter praticado o estupro e o assassinato.
Encaminhado à delegacia de homicídios de Montes Claros, Denilson falou com a imprensa e prestou novo depoimento. A seguir, a íntegra de seu depoimento revelador.
- Tudo que falei em Grão Mogol é mentira. Eu matei Raquel, sozinho. Ninguém estava comigo. Só menti porque fiquei com medo de não chegar vivo em Montes Claros. Na segunda ou terça-feira, não lembro bem, vi Raquel andando na rua e segui ela até próximo das torres; conversei com ela e disse que tinha um dinheiro fácil para ela ganhar; ela respondeu que não podia naquele momento porque tinha que arrumar dinheiro para comprar crack; ela era viciada em crack; deixei ela sair e dei a volta por outra rua; quando ela passou grudei o braço dela e falei que queria o dinheiro que ela tava me devendo; este dinheiro ela tava me devendo há mais de um ano; ela disse que tinha uma bicicleta nova para mim vender, eu passei R$ 20 em dinheiro e ela gastou com droga e nunca me deu a bicicleta; ela pediu para eu ter calma, porque era viciada em drogas e não tinha como mim pagar; na hora eu pedi para ela me seguir porque tinha que conversar com ela; entrei com ela no mato e falei que queria o dinheiro, depois dei um tapa na cara dela; ela deu um grito e pediu para ter calma e que ela poderia me pagar ficando comigo. Eu não queria (fazer sexo com a vítima), mas mesmo assim transei com ela; depois eu pensei, eu sou amigado, depois ela vai falar com todo mundo, então vou fazer o serviço completo agora; também tive medo dela contar para os irmãos dela e depois eles querer me matar, porque eles não aceitam que ninguém encostasse na irmã (...) -
- Comecei a apertar o pescoço dela com uma mão só; tinha que enforcar ela, fazer o serviço completo; ela começou a ficar mole, tonta; eu deitei ao lado dela no chão e quando percebi que ela não mexia mais sai para procurar uma pedra; ficava olhando para traz com medo dela levantar mas achei uma pedra de mais ou menos dez quilos ali mesmo; peguei a pedra e dei mais de quatro pedradas na cara dela.
- Eu não tinha motivos para matar ela não; fiz tudo consciente; não matei porque tava drogado, matei porque quis; sabia o que estava fazendo .
Denilson afirmou ainda depois do crime ficou em sua casa e chegou a comentar com amigos sobre o que fez e que só depois que o corpo foi descoberto que fugiu para outra cidade.
- Deixei ela no meio do mato e fui embora para minha casa, no mesmo bairro, na Vila Mauricéia. Comentei até com uns amigos meus que tinha transado com Raquel e depois matado enforcada e com pedradas na cabeça. Fiquei lá em casa normal, só depois que encontraram o corpo dela que eu pensei em fugir. Mesmo assim fiquei lá em casa. Aí eu tava na laje e vi a polícia chegando perto lá de casa. Pulei o muro das casas e cobrei um dinheiro de um cara que tava me devendo e fui para Cristália. Ontem quando fui preso eu ia para uma roça a 16km da cidade, onde uma mulher tinha arrumado um emprego para mim, mas a polícia me pegou. Eu sabia que a polícia ia me pegar. Sou viciado em cocaína, mas também uso crack. No dia eu tava cheirado de farinha (tinha usado cocaína) mas, tava consciente. Eu nunca perdi a cabeça.
OUTROS ESTUPROS
Sobre a acusação de já ter tentado estuprar outras mulheres nos bairros adjacentes da Vila Mauricéia, Denílson negou afirmou.
- Nunca estuprei ou tentei estuprar nenhuma outra mulher. Só transei com Raquel porque ela quis. Tenho passagem na polícia por lesão corporal de quando tinha 18 anos, mas foi por causa de uma briga com homem. Nunca mexi com mulher.
CADEIÃO
Após ser ouvido pelo delegado Giovani Siervi, o assassino confesso da doméstica Raquel Mendes foi conduzido à cadeia pública de Montes Claros onde permanecerá à disposição da justiça. Denilson será indiciado por homicídio qualificado e se condenado pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.
O titular da delegacia de homicídio, delegado Giovani Siervi espera concluir nos próximos dias o inquérito sobre o homicídio de Raquel e encaminhá-lo para justiça.