O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) convoca responsáveis por Cozinhas Solidárias a atualizarem o cadastro no programa até 31 de janeiro, exclusivamente pela internet. O procedimento é essencial para garantir o apoio federal às ações de segurança alimentar, e dados incompletos inviabilizam o envio do formulário. A iniciativa, coordenada pela Secretaria Nacional de Segurança Alimentar (Sesan), busca qualificar o programa e intensificar o combate à fome nos territórios.
As Cozinhas Solidárias foram criadas durante a pandemia como resposta à crise de fome nas periferias e cidades. Devido à necessidade, continuam desempenhando um papel essencial no combate à insegurança alimentar. Com a recente inclusão no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), as cozinhas irão finalmente receber apoio efetivo do governo.
“Essa conquista é resultado de muita luta e trabalho coletivo. Desde o início, as cozinhas foram mantidas por voluntários, doações e um esforço diário para atender as comunidades. Agora, com a oficialização como política pública, esperamos um alívio e mais recursos para continuar nossa missão”, destaca Pablo Alves Costas, voluntário das cozinhas solidárias em Montes Claros.
Atualmente, o município conta com cinco cozinhas solidárias, localizadas nos bairros Itatiaia, Maracanã, Conjunto Joaquim Costa, Jaraguá e Village do Lago. Essas unidades, sustentadas por uma equipe de 40 voluntários, distribuíram mais de 70 mil marmitas somente em 2023, mas enfrentam dificuldades devido à queda nas doações e à crescente demanda.
De acordo com Pablo, os recursos governamentais possibilitarão não apenas a ampliação do atendimento, mas também o funcionamento diário de todas as cozinhas, que atualmente operam em sistema de rodízio. “Com o apoio financeiro, poderemos aumentar nossa capacidade de atendimento e oferecer refeições também nos finais de semana, algo essencial para muitas famílias que, somente com as doações, não conseguimos atender plenamente”, afirma.
PARA ALÉM DA REFEIÇÃO
As Cozinhas Solidárias de Montes Claros, coordenadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), vão além da oferta de refeições para a população em situação de vulnerabilidade. Segundo a coordenadora Maíra Carvalho Pinto, o objetivo foi transformar esses espaços em centros de convivência e formação social, promovendo inclusão e cidadania.
“A nossa experiência de quatro anos mostrou que as cozinhas têm um impacto social enorme. Conseguimos, por exemplo, implementar turmas de alfabetização de adultos por meio do EJA (Educação de Jovens e Adultos) e oferecer reforço escolar para crianças que enfrentaram dificuldades durante a pandemia. Essas crianças, que antes estavam defasadas, hoje já estão no ensino médio e participam de nossos cursinhos preparatórios que acontecem aqui nas Cozinhas Solidárias”, explica.
Além da educação, os espaços têm promovido atividades como costura, capoeira, judô, balé e oficinas para idosos e crianças, atendendo às necessidades da comunidade. “As cozinhas não são apenas para alimentar o corpo, mas também para fortalecer o convívio social. Elas criam oportunidades para quem mais precisa”, acrescenta Maira.
Apesar dos desafios, as Cozinhas Solidárias continuam a desempenhar um papel crucial na luta contra a fome e na promoção da inclusão social em Montes Claros. A coordenadora reforça que o trabalho depende de apoio da sociedade e de políticas públicas efetivas para ampliar seu alcance e impacto. “Sem os dois, tudo é ainda mais desafiador, precisamos da ajuda de todos”, conclui.