Gissele Niza
Repórter
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A polícia federal de Montes Claros prendeu na manhã de sexta-feira última a acadêmica de direito, Ana Cláudia Fagundes de Oliveira Mota, 21 anos, em sua residência no bairro Todos os Santos, acusada de dificultar as investigações e o andamento da ação penal contra os integrantes da quadrilha do bilhete premiados, que estão presos na cadeia pública da cidade desde o dia 12 de fevereiro deste ano.
O chefe da polícia federal, delegado Marcelo Eduardo de Freitas, disse a reportagem de O Norte que, Ana Claudia é acusada de ser a mentora intelectual dos e-mails que foram disseminados pela rede mundial de computadores, internet, através do site de uma comunidade do site de relacionamentos orkut, difamando autoridades judiciais e policias na cidade de Montes Claros.
Ana Cláudia é namorada de Welber Sandro, 32 anos, acusados de ser um dos lideres da quadrilha do bilhete premiado que aplicou golpes em vários estados do Brasil estimado em mais de R$ 3 milhões.
- Durante as investigações sobre a disseminação dos e-mails caluniosos pela internet chegamos a mentora material do crime, Gislaine Moreira, que foi presa no dia 6 deste mês e a mentora intelectual, Ana Cláudia, que esta sendo indiciada por quatro crimes formação de quadrilha, apologia do fato criminoso, calúnia e difamação, se condenadas podem ficar até oito anos atrás das grades – informa o delegado.
MENTORA INTELECTUAL
A polícia federal chegou até as acusadas através da quebra de sigilo telemático, quando por intermédio do endereço do IP do computador foi identificada que a máquina utilizada para disseminar os e-mails pela internet pertencia a irmã de Gislane.
No dia 6, logo após a prisão de sua irmã, Gislaine se apresentou na polícia federal e após prestar depoimentos foi liberada e responde processo em liberdade.
Diante dos depoimentos de Gislaine e do namorado Frederico Arley Ribeiro, que também está preso, acusado de ser um dos integrantes da quadrilha do bilhete premiado a polícia federal chegou a acusada de ser a mentora do crime, Ana Cláudia.
- Diante de todas os fatos apurados e das escutas ambientais realizadas na delegacia e no percurso do acusado Frederico Arley da cadeia pública até a sede da polícia federal, quando o mesmo afirmava que a autora dos e-mails ‘só poderia ser Ana Cláudia’ o juiz da 1ª Vara Criminal de Montes Claros, Milton Lívio Lemos Salles, expediu mandado de prisão preventiva que foi cumprido e a acusada já está na cadeia – completou o delegado.
E-MAILS
O delegado da PF disse ainda que Ana Cláudia passava os textos para Gislaine Moreira, que divulgava através de correspondências eletrônicas e por comunidades virtuais, acusações contra a PF e judiciário, revelando que tanto a polícia quanto promotores estariam perseguindo a gangue da ostentação ou quadrilha do bilhete premiado, presa no mês de fevereiro.
Os artigos e textos eram assinados por um nome fictício, jornalista Lucas Alkimim Borges, onde informavam que a PF e juizes da comarca local articularam a prisão dos membros da quadrilha, por razões pessoais. Os e-mails começaram a circular pela Internet cerca de um mês depois da prisão da quadrilha.
A estudante de direito negou o envolvimento no crime, mas após prestar depoimento foi encaminhada para a cadeia, onde permanecerá a disposição da justiça.
Informação oficial revelou que o processo envolvendo a quadrilha do bilhete premiado está em fase de alegações finais, prestes a ser julgado. A estimativa é que a gangue da ostentação tenha feito mais de 50 vítimas. O delegado informou que no primeiro inquérito já encaminhado a justiça, foram identificadas 22 vítimas. Posteriormente, outras 30 vítimas também compareceram na delegacia para registrar queixa contra os acusados.
QUADRILHA
Os integrantes da quadrilha Weuber Sandro da Silva, 32 anos, apontado como líder do grupo; Frederico Arley Ribeiro, 25 anos; Murilo Farley Santos, 34 anos; os irmãos Aroldo Nunes de Oliveira, 43 anos, e Ataíde Cloves de Oliveira, 45 anos, e Leila Adriana de Oliveira, 41 anos; acusados de dar o golpe do bilhete premiado em vários estados do pais foram presos no dia 12 de fevereiro deste ano e estão no cadeião a disposição da justiça.
Segundo a polícia federal, seis meses antes da prisão houve uma denúncia sobre ostentação excessiva de Weuber Sandro, que freqüentava muitas festas e locais caros da cidade, bancando todas as despesas. O acusado possui carro importado avaliado em R$ 110 mil, moto de mil cilindradas e outros veículos, mas não teria nenhum tipo de ocupação. Além disso, sempre ostentava pulseiras e colares de ouro.
Após a denúncia, os agentes federais começaram a investigar um possível envolvimento de Weuber com roubo de carro ou tráfico de drogas, quando chegaram ao golpe aplicado pela quadrilha.
Foi descoberto pela PF que, em 2001, a polícia havia prendido Weuber sob acusação de tentativa de aplicar o mesmo golpe do bilhete, e que em 08 de dezembro último, Murilo Farley foi preso em Brasília, quando atuava com o próprio Weuber, que fugiu, deixando o comparsa para trás.
GOLPE
De acordo com a PF de Moc, a quadrilha selecionava suas vítimas entre pessoas de alto poder aquisitivo. O alvo dos estelionatários era abordado na rua por um dos integrantes da quadrilha disfarçado de caipira, que alegava ter ganhado na mega-sena e revelava que um vizinho teria oferecido R$ 25 mil pelo bilhete.
Nesse momento, um segundo integrante da quadrilha simulava ser um empresário rico da cidade e se aproximava da dupla. Sob a afirmação de que era amigo de um gerente da Caixa Econômica Federal, banco que paga o prêmio da mega-sena, o falso empresário simulava uma ligação telefônica para o funcionário do banco, confirmando que o bilhete seria mesmo premiado.
Os dois golpistas convenciam a vítima a comprar o bilhete e a colocavam no carro, para sacarem o prêmio. No caminho, o golpista que se passava por uma pessoa humilde pedia garantia de que não seria enganado, e a vítima era induzida a dar jóias ou dinheiro aos estelionatários, que desapareciam posteriormente.
PUNIÇÃO
Todos os acusados foram indiciados nos artigos 171, por estelionato, e 288, por formação de quadrilha, do Código penal. Alguns deles poderão responder, ainda, por furto - artigo 155 -, caso fique comprovado terem tomado dinheiro e jóias à força.