A exposição “Ventos Ancestrais: Tecendo Histórias”, de autoria do artista visual e fotógrafo Lucas Viggiani e do artista plástico, Elton Souza, se divide em três partes: no Centro Cultural Hermes de Paula (CCHP) até o dia 30 desse mês; no Corredor Cultural durante as Festas de Agosto e também na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
No Corredor Cultural haverá instalação de pipas, uma homenagem aos saudosos mestres e no CCHP, uma mostra das fantasias do carnaval que os marujos, catopês e caboclinhos usaram no do Rio de Janeiro, quando foram homenageados pela Escola de Samba Acadêmicos de Niterói.
Na exposição você tem ao seu lado, o artista Elton Souza. Como surgiu a ideia de expor juntos?
A exposição “Ventos Ancestrais” veio com a ideia de trazer a ancestralidade dos bordados e a ancestralidade dos catopês, essa liga na fotografia e essa coisa de tecer histórias. O Elton Sousa, um artista de Bocaiuva, artista plástico, de visual, vem trazendo toda a alma dele para o projeto com os bordados em cima das fotos impressas no tecido canvas. E essas fotos são do Yuri Faria, por conta do lançamento realizado para os “Ventos Ancestrais”, que foi no “Festival Zanzando”, onde o João Faria, o avô do Yuri, o mestre João Faria, foi homenageado.
Qual a sua relação com a cidade e quando surgiu a ideia da exposição?
Nasci em Belo Horizonte, mas com meses meus pais mudaram-se para cá por meu pai ser daqui, Jorge Leite e Dulce Viggiano. Fiz toda a escola aqui, minhas relações com a cidade são desde pequeno, já participei do cortejo de príncipe lá do São Benedito e também me envolvi e me envolvo com a cultura norte-mineira. Me sinto como montes-clarense. O projeto partiu de uma vontade de conhecer mais sobre os catopês, caboclinhos e os marujos. A minha relação com a cidade é isso.
As festas são acontecimentos profundos e cheios de beleza que só se tornam possíveis a partir da força das pessoas que trabalham juntas, produzindo e transmitindo conhecimento na forma de músicas, comidas, roupas e danças.
Tem algum momento especial que marcou a sua vida?
Um momento especial que guardo na minha vida é, na verdade, uma foto minha que tenho de novinho vestido de príncipe rosa, sendo do São Benedito e desfilando mesmo. Amava ver todo o cortejo. Como que era e tal, mas também não entendia muito o que estava acontecendo. Por isso que, após adulto, resolvi falar: deixa eu ver o que é o catopê, o caboclinho, a marujada e entender melhor. Acho que ainda falta muita informação, que a nossa sociedade precisa entender o que é, o que é esse conceito deles, de onde vem, quem são essas pessoas. Então, eu trouxe isso na fotografia, vários retratos, das pessoas que são a cara, que contam essa nossa história. Esses retratos para a cidade mesmo.
O que a fotografia representa para você?
A fotografia para mim é a forma mais genuína que tenho para expressar meus sentimentos, do meu olhar hoje como fotoativismo. Abraço a bandeira LGBTQIA+ e também a bandeira da cultura popular de salvaguardar as nossas tradições. Então, é nesse momento da minha vida que me realizo dessa forma, me expressando com informação, com documentário e tentando ao máximo trazer mais clareza e entendimento para as pessoas através das minhas imagens.
Quanto tempo de convivência você tem com a fotografia?
Estou há 15 anos com a fotografia, e a fotografia veio com essa parte de eventos. Ainda continuo fazendo casamentos, eventos particulares e fotografia em estúdio, principalmente posicionamento de imagem no estúdio, sendo uma das coisas com as quais venho trabalhando ultimamente.
Beber de outras fontes (cinema, literatura, design, música…) é fundamental para uma boa fotografia. Quais suas principais referências?
Sou muito curioso em relação a isso. Então, sempre busco nas minhas viagens ir aos museus também, procurar informação sobre os lugares, sempre em uma parte cultural, de referências que tenho como iniciais de fotografia. De referências, tem o Cartier-Bresson que faz uma fotografia de guerra maravilhosa, onde ele traz todas as coisas do momento, de captar o momento, tem o Sebastião Salgado que vem trazendo história, as obras de Adriano Suassuna, entre outros.