Estefânia Moura é natural de Belo Horizonte e já explorou todos os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal, sempre em duas rodas (arquivo pessoal)
A mineira Estefânia do Vale Moura, de 46 anos, conhecida como “Forasteira”, está em Montes Claros em mais uma de suas jornadas itinerantes. Com uma trajetória que começou aos 27 anos, quando decidiu trocar a rotina pela liberdade das estradas, ela já acumula a experiência de ter percorrido 13 países, seja de moto ou de outras formas. Após um período vivendo em Portugal, Estefânia retorna ao Brasil com a vontade de continuar explorando as paisagens do país, sem previsão de fixar residência.
Para a ‘Forasteira’, existem três tipos de viajantes: o turista, o mochileiro e o nômade. “O turista planeja tudo, inclusive financeiramente, para aproveitar o destino e voltar para sua vida. O mochileiro é mais livre, pode mudar rotas, pegar carona, mas ainda tem um lugar para voltar. Já o nômade, como eu, vive na estrada e precisa se sustentar com trabalhos que encontra pelo caminho”, explica.
Há três anos, a “Forasteira” deixou Minas Gerais e chegou ao Chuí, na fronteira com o Uruguai. “Essa viagem virou até livro”, conta ela, que já visitou os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. “Minas Gerais é o estado que mais me marcou, e já parei de contar as cidades que conheci, mas foram mais de mil”, garante.
Durante suas aventuras, a Forasteira seguiu quatro desafios motociclísticos: percorreu os 4.650 km da BR-101, visitou os pontos cardeais extremos do Brasil (norte, sul, leste e oeste), passou por todas as capitais e conheceu todos os municípios de Roraima. “A BR-101, por exemplo, levei um ano e meio para completar. A maioria faz em 15 dias, mas quem vive na estrada tem tempo”, afirma.
As experiências acumuladas na estrada resultaram em um livro, e agora a ‘Forasteira’ planeja escrever o segundo, inspirado em seu lema: “Comer, rezar e pilotar”, uma adaptação do famoso “Comer, Rezar e Amar”. “O filme saiu quando comecei a mochilar, e minhas amigas diziam que era minha história. Hoje sou motochileira, então troquei o ‘amar’ por ‘pilotar’ e segui em frente”, relata.
Ela afirma que não teme os desafios das estradas. “Hoje em dia, evito ao máximo viajar à noite. Só o faria se fosse extremamente necessário, mas não sei bem qual seria o motivo, até porque meu objetivo é apreciar a paisagem e me encantar com os cenários brasileiros. Infelizmente, ultimamente, as paisagens têm sido bem tristes, com secas e queimadas. Quanto ao perigo no trânsito, sempre digo o seguinte: é preciso ter humildade para respeitar as regras básicas e não achar que é um excelente motorista a ponto de forçar uma ultrapassagem. Essa atitude reflete nos outros motoristas e gera gentileza. Os caminhoneiros, por exemplo, me veem respeitando a estrada e as leis, buzinam para mim, dão espaço para eu passar e até me socorrem quando preciso, como quando a moto quebra. Eles a colocam na traseira do caminhão e me levam até o local necessário para consertar. Já me ajudaram iluminando o caminho também. Quanto a isso, para mim, o trânsito é tranquilo. Infelizmente, muitas estradas estão em péssimas condições. Quanto à maldade que existe no mundo, felizmente, ainda não a encontrei nas estradas”, diz realizada.