variedades

Fim de ano e os ‘riscos’ para o bem-estar mental

Síndrome de fim de ano: especialistas alertam sobre o impacto emocional das festas

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 23/12/2024 às 19:00.
A solidão, o sentimento de abandono e dificuldades financeiras tendem a intensificar o sofrimento durante o mês de dezembro e as celebrações de fim de ano (Larissa Durães)
A solidão, o sentimento de abandono e dificuldades financeiras tendem a intensificar o sofrimento durante o mês de dezembro e as celebrações de fim de ano (Larissa Durães)

Aproximando-se das festas de fim de ano, surge a “síndrome de fim de ano”, marcada por ansiedade e cansaço. Especialistas alertam que a combinação de pressão por metas, reflexões passadas e planos pode prejudicar significativamente a saúde mental e o bem-estar das pessoas.

Como T.C., de 47 anos, que diz que esse período é especialmente complicado, marcado por sentimentos contraditórios. “Não gosto dessa época por inúmeras razões. A maior delas talvez seja a sensação de alegria no ar que soa falso, como se as pessoas fossem obrigadas a serem felizes e não pudessem demonstrar tristeza”, desabafa.

Além disso, o ritmo acelerado e as cobranças externas tornam o fim do ano ainda mais desafiador. T.C. relata que vive constantemente ansiosa, afetando sua saúde física e emocional. A perda de entes queridos também intensifica a tristeza, tornando o momento ainda mais difícil. “Meu humor altera para pior. A sensação de não conseguir dar conta de tudo me deixa mais triste e ansiosa”, explica.

Para ela, mudanças sociais e maior empatia poderiam amenizar parte do peso emocional do período. “Gostaria que respeitassem o isolamento de quem prefere ficar só e não comemorar. Que o ‘espírito natalino’ existisse o ano todo, com mais justiça social e menos violência, principalmente para os mais vulneráveis”, conclui. 
 
ALTAS EXPECTATIVAS
Segundo a psicóloga Fernanda Farias Meira, o acúmulo de tarefas é um dos principais fatores que contribuem para o aumento do estresse no final do ano. “Ao longo do ano, muitas vezes deixamos coisas para depois. No final, esses prazos e metas acabam se acumulando, gerando sobrecarga devido ao tempo limitado”, explica.

Outro ponto é a pressão das celebrações sociais e as altas expectativas em torno dos encontros de fim de ano. “Reuniões familiares e outros eventos podem trazer estresse adicional. Além disso, o hábito de avaliar realizações e fracassos pode gerar tanto satisfação quanto frustração”, ressalta Meira.

Ela destaca ainda que metas muito ambiciosas podem contribuir para sentimentos de fracasso. “Quando não conseguimos cumprir determinados objetivos, como emagrecer ou aprender algo novo, isso pode gerar frustração e sensação de incapacidade”, observa.

Para evitar sobrecargas, a psicóloga recomenda estratégias preventivas, como planejamento e organização anual, com definição de prioridades. “Estabeleça limites, aprenda a dizer não e reconheça suas limitações para não assumir responsabilidades além do que consegue manejar. O autocuidado também é essencial, com tempo dedicado a atividades que promovam bem-estar físico e mental”, orienta.

Manter expectativas realistas também é fundamental. “Reavalie suas metas pessoais e valorize os pequenos passos dados. Nem tudo precisa ser perfeito. Reconhecer o progresso, mesmo que parcial, é importante”, afirma Meira.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por