Gissele Niza
Repórter
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Já estão na cadeia pública de Montes Claros integrantes de uma quadrilha acusada de aplicar o chamado golpe do bilhete premiado em várias cidades do país. Eles foram presos na madrugada de domingo, 12, durante a Operação loteria, em ação conjunta da polícia federal de Montes Claros e São Paulo. O prejuízo causado pelos integrantes da quadrilha está estimando em mais de R$ 3 milhões.
De posse de mandado expedido pelo juiz Milton Lívio Lemos, da 1ª Vara criminal de Moc, foram presos na cidade: Weuber Sandro da Silva, 32 anos, apontado como líder do grupo; Frederico Arley Ribeiro, 25 anos; e Murilo Farley Santos, 34 anos. No interior de São Paulo, na cidade de Rio Claro, presos os irmãos Aroldo Nunes de Oliveira, 43 anos, e Ataíde Cloves de Oliveira, 45 anos, e Leila Adriana de Oliveira, 41 anos, que também atuava na quadrilha.
Weuber Sandro da Silva, o líder da quadrilha: ostentação (à esq.)
e Frederico Arley Ribeiro: preso em Montes Claros
Aroldo Nunes de Oliveira: preso em Rio Claro
e Ataíde Cloves de Oliveira, irmão de Aroldo: também preso
Os foragidos: Pio Rodrigo da Cruz e Rubens Nunes de Oliveira
e (à dir.) Leila Adriana de Oliveira: presa no interior de São Paulo
A operação envolveu 40 policiais, sendo 32 de Moc e 8 de Belo Horizonte, que estiveram na cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo.
PARADO POR UMA BALA
O suspeito de ser o líder da quadrilha, Weuber Sandro, tentou fugir do cerco dos agentes federais, conduzindo um carro importado (Audi TT), mas acabou detido na barreira feita por policiais militares nas saídas da cidade, ao ter o pneu do carro furado a bala.
Segundo a polícia federal, há seis meses houve uma denúncia sobre ostentação excessiva de Weuber Sandro, que freqüentava muitas festas e locais caros da cidade, bancando todas as despesas. O acusado possui carro importado avaliado em R$ 110 mil, moto de mil cilindradas e outros veículos, mas não teria nenhum tipo de ocupação. Além disso, sempre ostentava pulseiras e colares de ouro.
Após a denúncia, os agentes federais começaram a investigar um possível envolvimento de Weuber com roubo de carro ou tráfico de drogas, quando chegaram ao golpe aplicado pela quadrilha.
Foi descoberto pela PF que, em 2001, a polícia havia prendido Weuber sob acusação de tentativa de aplicar o mesmo golpe do bilhete, e que em 08 de dezembro último, Murilo Farley foi preso em Brasília, quando atuava com o próprio Weuber, que fugiu, deixando o comparsa para trás.
O GOLPE
De acordo com a PF de Moc, a quadrilha selecionava suas vítimas entre pessoas de alto poder aquisitivo. O alvo dos estelionatários era abordado na rua por um dos integrantes da quadrilha disfarçado de caipira, que alegava ter ganhado na mega-sena e revelava que um vizinho teria oferecido R$ 25 mil pelo bilhete.
Nesse momento, um segundo integrante da quadrilha simulava ser um empresário rico da cidade e se aproximava da dupla. Sob a afirmação de que era amigo de um gerente da Caixa Econômica Federal, banco que paga o prêmio da mega-sena, o falso empresário simulava uma ligação telefônica para o funcionário do banco, confirmando que o bilhete seria mesmo premiado.
Os dois golpistas convenciam a vítima a comprar o bilhete e a colocavam no carro, para sacarem o prêmio. No caminho, o golpista que se passava por uma pessoa humilde pedia garantia de que não seria enganado, e a vítima era induzida a dar jóias ou dinheiro aos estelionatários, que desapareciam posteriormente.
VÍTIMAS
De acordo com o chefe da PF de Montes Claros, delegado Daniel Souza Silva, 11 vítimas do golpe do bilhete já foram localizadas, mas é provável que esse número seja bem maior.
Um dos problemas que dificultam a identificação das vitimas é que muitas, por vergonha de assumir que foram enganadas, preferem simular que foram assaltadas.
FAZENDAS BLOQUEADAS
Foram localizadas vítimas dos golpes em Uberaba, Belo Horizonte, São Paulo, Campinas, Orlândia, Birigüi, Brasília e Varginha. Os acusados não aplicaram o golpe em Moc ou Rio Claro, onde residem, para evitar a identificação.
Também por decisão do juiz da 1ª Vara criminal, Milton Lívio, foram bloqueadas duas fazendas pertencentes a integrantes da quadrilha. Uma delas localizada na cidade vizinha de Francisco Sá, com 1.979 hectares, e outra em Porteirinha, com 46 hectares.
Os policiais federais já têm em mãos uma caderneta com nomes de supostas vítimas, apreendida na casa de Ataíde Cloves de Oliveira, preso em Rio Claro. Já na residência de Leila Adriana de Oliveira foram encontradas barras de ouro, dólares e jóias.
PUNIÇÃO
Todos os acusados serão indiciados nos artigos 171, por estelionato, e 288, por formação de quadrilha, do Código penal. Alguns deles poderão responder, ainda, por furto - artigo 155 -, caso fique comprovado terem tomado dinheiro e jóias à força.