Gissele Niza
Repórter
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Equipes da polícia civil de Montes Claros estouraram ontem, quinta-feira, dois depósitos com diversos materiais da loja Chardson Ferreira Material de Construções Ltda, localizada na Avenida Corinto Crisóstomo, no Bairro Morada do Sol, suspeitos de pertencerem a uma quadrilha que estaria dando golpes em empresários de vários estados.
Dois homens foram presos, ouvidos e liberados, e outros dois citados pelos funcionários da empresa estão sendo procurados pela polícia. A mercadoria apreendida, como tubos, colchões, querosene, material escolar, cadeiras, mesas, prateleiras, arquivos de escritório, entre outros, estava dividida em uma casa localizada no Alto São João, que funcionava como depósito, e outra parte em um depósito do Morada do Sol.
Também foram apreendidas dezenas de notas fiscais, xerox de documentos de identidade e CPFs, contas de telefones e documentos de uma contabilidade localizada em Moc, onde constam os nomes dos sócios da empresa, que também serão investigados.
No depoimento na delegacia de Vigilância Geral, um dos homens declarou que é apenas funcionário, há 35 dias, de um homem conhecido como José Gonçalves Alves e outro como José Delvanir, proprietários da loja, sendo que o primeiro teria conhecido há 40 dias, no Bairro Santos Reis.
Ainda segundo o homem, os proprietários da loja compravam por telefone material de construção em geral: conexões, tintas, entre outros, nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia, e revendiam na porta do depósito localizado no Morada do Sol.
O depoente disse ainda que, no momento da apreensão do material, um veículo placa GUH 3942 estava pronto para transportar canos para um depósito de construção localizado no Santos Reis. A carga teria sido comprada pelo valor de R$ 3 mil, sendo cada cano no valor de R$ 2.
Também no depoimento o homem revelou que as compras eram efetuadas através de duplicatas e notas fiscais, mas, durante a revenda, nenhuma nota era emitida ao comprador; como a quantidade de produtos é grande, foi necessário alugar a casa no Alto São João para armazená-la; e que não deu tempo de vender quase nada, porque logo foram descobertos pela polícia civil.
O depoente declarou ainda que já foi preso e processado por crime de receptação e cumprido pena de 30 dias de reclusão.
Segundo o advogado dos supostos funcionários da empresa, André Luiz Cardoso, os homens não têm nada a ver com a compra e venda do material, pois apenas trabalhavam no local.
VÍTIMA
Em um dos depósitos onde foi localizada a mercadoria suspeita, a reportagem de O Norte conversou com Gerônimo da Silva Ramos, que se apresentou como motorista de uma empresa de Moc onde os proprietários da Chardson Ferreira haviam comprado uma mercadoria avaliada em R$ 3.375 e não pagaram.
Segundo as notas apresentadas pelo motorista, as compras foram efetuadas no dia 06 de abril deste ano e no último dia 08.
INVESTIGAÇÕES
Segundo o delegado Renato Souto, da delegacia de Vigilância Geral, há suspeita de que os proprietários compravam o material em outros estados já com a intenção de não efetuar o pagamento, e revendiam em Moc por um valor simbólico, menos da metade do preço de custo do produto.
Segundo o delegado, que abriu inquérito para investigar o caso, após apuração e sendo confirmados os crimes suspeitos de serem praticados pelos proprietários do depósito de construção, eles poderão ser processados por formação de quadrilha, fraude, estelionato, sonegação de impostos e falsificação de notas.
O delegado informou que ainda não serão divulgados os nomes das pessoas que estão sendo investigadas por envolvimento na suposta quadrilha de estelionatários e quais os crimes investigados.
- Estamos apurando todos os fatos, todas as suspeitas, para que possamos confirmar se existem ou não os crimes. O fato de os proprietários do depósito de material de construção não terem se apresentado no momento que foram informados da apreensão, levanta ainda mais a suspeita de que estão envolvidos em crimes.
CABO DA PM
Informações extra-oficiais dão conta de que um cabo da policia militar, proprietário de um depósito de construção na zona Norte da cidade, teria algum envolvimento com o suposto golpe aplicado pelos proprietários da Chardson Ferreira. Ainda segundo essas fontes, o veículos que estavam carregados de canos no momento da apreensão pela polícia civil no Alto São João, seriam de propriedade do militar.
A reportagem entrou em contato com o comandante do 10º Batalhão de polícia militar, tenente coronel Hely José Gonçalves, que informou que o caso está sendo apurado e que, se houver participação de algum policial militar em qualquer crime, ele será punido severamente.