A retomada da confiança do consumidor deverá ser punida com o encarecimento da conta de luz. Com o aumento do consumo residencial de energia elétrica, segundo a Empresa de Energia Elétrica (EPE), e a redução do ritmo de geração pelas usinas hidrelétricas, conforme dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), especialistas acreditam que será inevitável o anúncio da bandeira amarela já em agosto. Isso significa que, a partir de setembro, para cada 100 quilowatts-hora (KWh) consumidos será pago um adicional de R$ 1,50.
A título de comparação, um apartamento com dois moradores em que ambos passam parte do dia fora consome, em média, 300 KWh ao mês. Estima-se, portanto, um aumento de R$ 4,50 na conta com o hasteamento da bandeira amarela.
Caso haja uma recuperação da economia, o presidente da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, vai além. Nesse caso, ele projeta o acionamento da bandeira vermelha ainda neste ano. Afinal, imersas na crise, as indústrias ainda estão produzindo e consumindo energia em ritmo bem menor do que o do ano passado. Se retomarem a produção, pressionarão o sistema elétrico.
Utilizando o exemplo anterior, a conta de luz da casa com dois moradores ficaria R$ 9 mais cara com a bandeira vermelha.
Em junho, segundo dados da EPE, o consumo nacional de eletricidade bateu em 37.174 gigabites/hora (GWh). Embora menor do que o registrado em maio, devido às férias escolares, o montante ficou estável na comparação com igual período de 2015. Em maio, o consumo foi 0,8% maior do que no mesmo mês de 2015 e, em abril, 1,4% maior.
As residências foram as maiores responsáveis pelo crescimento do consumo. Em junho, as residências utilizaram 4,6% mais energia na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em maio, o consumo foi 3,5% maior e, em abril, 7,5%. Na contramão, as indústrias registraram queda de consumo de 3,3%, 3,2% e 4,8%, respectivamente.
MENOS CHUVAS
Enquanto a população aciona mais o interruptor, o[/TEXTO]s volumes dos reservatórios das hidrelétricas caem. Em janeiro, as represas da região Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade hidrelétrica do país, estava em 44,5% do limite máximo, montante 164% superior ao registrado em igual mês de 2015. Em julho, após a temporada de chuvas, o nível subiu para 51,5%, mas a diferença em relação a julho do ano passado caiu para 37,6%.
- O PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) certamente será revisado para cima, sendo necessário acionar as térmicas - diz o presidente da CMU.
O PLD é o preço médio pelo qual os agentes balizam a energia no mercado livre. Quando o PLD passa de R$ 211 é necessário ligar as térmicas. Como estas utilizam combustível, produzem uma energia mais cara do que a das hidrelétricas. As bandeiras são, então, acionadas, e a diferença é paga pelo consumidor.