Gissele Niza


Repórter


onorte@onorte.net

A polícia militar apreendeu na manhã da última sexta-feira durante revista na cadeia de Montes Claros, um pé de maconha de aproximadamente 15 centímetros na cela 18. A droga estava sendo cultivada em uma garrafa peti.

Também foram apreendidos um celular e um chip na cela 21; uma marica (usada para fumar crack) na cela 10; e uma tereza (objeto produzido para fugas a partir amarração de lençóis e roupas) na cela 7.

O juiz da vara de execuções penais, Marcos Antônio Ferreira, conversou com a reportagem de O Norte na tarde de sexta-feira e disse indignado:

- Isso é o cúmulo do absurdo, uma vergonha para uma cidade do porte de Montes Claros. Não tem justificativa para que um pé de maconha seja cultivado dentro de uma cela e não seja descoberto. No mínimo as revistas efetuadas no local não estão sendo realizadas rigorosamente, pois uma muda de maconha não cresce de um dia para o outro. Calcula-se que a muda cresce 15 centímetros no mínimo no período de 15 dias – afirma o juiz. 

Marcos Antônio disse ainda que considera o fato registrado sexta como uma forma que os presos arrumaram para zombar do sistema de segurança do Estado, da polícia e do judiciário.

- Isso para mim foi um menosprezo com o aparato de segurança do estado.

VERGONHA

O diretor da cadeia, delegado Saulo Nogueira, afirmou ao O Norte que o pé de maconha encontrado no local é uma vergonha:

- É vergonhoso. A situação no cadeião está impossível de controlar, um local construído para abrigar 90 presos hoje tem mais de 370, com apenas 3 agentes penitenciários por turno para vigiar os detentos. Por semana mais de 840 pessoas visitam os detentos. Com a situação caótica em que o cadeião se encontra hoje é humanamente impossível manter a situação sob controle.

Nem circuito interno impede a transgressão da lei no cadeião


(fotos: Wilson Medeiros)

MAIS AGENTES

O diretor da cadeia falou também sobre a necessidade de contratação de mais agentes penitenciários para cuidar da segurança do local e voltou a reforçar, como O Norte tem divulgado em suas últimas edições, a designação de um diretor definitivo.

- No ano passado, o então sub-secretário de assuntos penitenciários, Agílio Monteiro, fez o compromisso com Montes Claros de que até o mês de março deste ano seria designado o diretor definitivo da cadeia, além de profissionais para dar assistência aos detentos. O cadeião necessita de um diretor que possa monitorar tudo de perto, de um psicólogo e um advogado para dar assistência aos presos. Hoje sou responsável simultaneamente pela delegacia de tóxicos e direção da cadeia – informa Saulo Nogueira.


 


INVESTIGAÇÕES

O diretor do cadeião ouviu os detentos das respectivas celas onde foram encontrados os objetos e a droga e informou que está sendo efetuada uma rigorosa investigação para descobrir como os celulares, drogas e demais objetos estão entrando no cadeião para que os responsáveis sejam punidos e a segurança do local não seja comprometida por atitudes ilícitas.

DETERMINAÇÃO PRORROGADA

O juiz Marcos Antônio determinou que fosse prorrogada por mais 30 dias a proibição de entrada de alimentos no cadeião, às quintas feiras.

- A desculpa da entrada de drogas e celulares no cadeião era de que os familiares estavam levando na comida, mas há 25 dias não entra nenhum alimento no local. Como esses objetos estão chegando nas mãos dos presos? Será que esta muda de maconha estava sendo cultivada há mais de um mês e durante as revistas não foi encontrada? Isso não se justifica e por isso prorroguei por mais trinta dias a proibição da entrada de qualquer alimento no cadeião. Se a droga estava lá antes da determinação, um dia ela vai acabar e o prazo será prorrogado até que nenhuma droga ou celular esteja nas mãos dos detentos – afirma o juiz.