Com um elenco de peso, Dakota Johnson (Cinquenta Tons de Cinza), Pedro Pascal (Quarteto Fantástico) e Chris Evans (Capitão América), Amores Materialistas (Materialists, 2025) despontava como uma das comédias românticas mais aguardadas do ano. Entretanto, o resultado pode frustrar parte do público que esperava algo na linha de Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, O Diabo Veste Prada ou o clássico Uma Linda Mulher.
Dirigido por Celine Song, a mesma cineasta do aclamado Vidas Passadas (2023), o filme apresenta Lucy (Dakota Johnson), uma casamenteira profissional que vive em Nova York e que, por uma daquelas ironias do destino, se vê dividida entre dois amores: o ex-namorado pobre, Harry (Chris Evans), e o bilionário sedutor Henry (Pedro Pascal). Apesar de reunir todos os ingredientes de uma comédia romântica — triângulo amoroso, humor leve e dilemas sentimentais —, a produção se aproxima mais de uma dramédia: há risos, mas eles quase sempre vêm acompanhados de um nó na garganta.
À primeira vista, Lucy pode parecer frívola, materialista e egocêntrica, adjetivos que, quando aplicados a mulheres, costumam soar como defeitos, mas que em personagens masculinos viram sinônimos de charme, mistério e autoconfiança. Song subverte esse padrão e nos convida a refletir sobre os papéis de gênero e o peso simbólico do dinheiro nas relações afetivas. Afinal, as finanças não são mero detalhe na vida de um casal, especialmente para as mulheres. Em 2023, pesquisa do Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, revelou que 34% das brasileiras já sofreram violência patrimonial, índice superior ao da violência sexual.
Recém-chegado ao catálogo da HBO, Amores Materialistas se apresenta como um convite a repensar as materialidades do amor. Porque, em última instância, amar também é investir de tempo, de energia, de recursos. O amor precisa se materializar para ganhar forma e presença. No plano das palavras, ele é discurso; mas no mundo real, discursos só valem quando se transformam em ação.
NOTAS
AdoroCinema: 3,1/5
Google Críticas: 2,8/5
Omelete: 3/5 (Bom)
Rotten Tomamtoes: 78% (Tomatometer) e 66% (Popcornmeter)