O Dia Internacional do Obrigado, comemorado neste sábado (11), destaca a importância da gratidão nas relações humanas. A data, criada para incentivar o hábito de dizer “obrigado”, reforça o poder desse gesto simples, mas essencial, para promover conexões mais positivas e respeitosas em todo o mundo.
Segundo o historiador Rodrigo Teles de Montes Claros, a prática de agradecer tem suas raízes nas primeiras civilizações humanas. “Nas culturas antigas, como a egípcia, a grega e a romana, a gratidão era frequentemente expressa em rituais religiosos para honrar os deuses ou como uma forma de demonstrar respeito entre as pessoas. Em sociedades indígenas, o agradecimento também estava profundamente ligado à natureza, expressando gratidão à terra, ao sol e à água como forças vitais”, explica o historiador.
O ato de dizer “obrigado” também passou por uma evolução significativa ao longo do tempo. Segundo Teles, “o agradecimento evoluiu de uma prática simbólica para uma forma mais cotidiana de interação social. Com o desenvolvimento das línguas, palavras específicas como ‘obrigado’ em português, ‘thank you’ em inglês ou ‘arigato’ em japonês se tornaram ferramentas para expressar gratidão de forma verbal. Em muitas culturas, agradecer foi se adaptando aos contextos socioculturais: em sociedades orientais, por exemplo, expressar gratidão pode envolver gestos como reverências, enquanto em culturas ocidentais é mais comum o uso verbal acompanhado de sorrisos ou apertos de mão”.
Além disso, Teles destaca que existem registros históricos que mostram como a gratidão moldou relações humanas e sociedades. “Textos religiosos, como a Bíblia, o Alcorão e o Bhagavad Gita, apresentam a gratidão como um valor essencial para fortalecer relações humanas e divinas. Na Idade Média, gestos de gratidão entre senhores feudais e servos contribuíram para acordos de proteção e sustento mútuos. Estudos antropológicos também mostram que práticas de agradecimento em comunidades indígenas ajudaram a manter a coesão social, distribuindo recursos de maneira equitativa e fortalecendo alianças”, conclui.
IMPACTO SOCIAL
William Martins, assistente social, destaca que a gratidão é uma prática valorizada tanto em seu trabalho formal quanto em suas iniciativas voluntárias. “No meu trabalho, seguimos uma determinação legal, uma questão de direito, como benefícios e outros aspectos jurídicos que seguem parâmetros e requisitos. Mas, fora desse âmbito, também atuo em uma ONG [Organização Não-governamental], onde o trabalho é voluntário. Nesse contexto, a gratidão é essencial. Se pararmos para pensar, temos muito a agradecer diariamente. Infelizmente, essa realidade não chega a todos, então, quando podemos contribuir, é importante fazer isso com gratidão, colocando-nos à disposição de quem precisa avançar em algo que podemos ajudar”, afirma.
“Fizemos um trabalho recente de alteração de nome de gênero e atendemos mais de 70 pessoas. Entre elas, apenas uma pessoa retornou para nos agradecer formalmente. Ela se colocou à disposição para gravar um vídeo, mostrando para outras pessoas que era possível atingir esse objetivo. Para nós, foi muito gratificante, porque demonstrou que, ao menos para essa pessoa, nosso trabalho teve reconhecimento e impacto. Isso nos trouxe muita alegria”, conclui.
Renata Gabriele Silva Souza, psicóloga, explica que o ato de agradecer tem efeitos emocionais e sociais significativos tanto para quem agradece quanto para quem recebe. Segundo ela, essa prática está diretamente ligada à forma como enxergamos o mundo. “Se conseguimos olhar para o mundo com mais gratidão, prestando atenção em atos de bondade e caridade, e sendo gratos por essas ajudas, nosso bem-estar emocional é beneficiado. Enxergar o mundo com leveza e reconhecer as pequenas ou grandes conquistas auxilia na manutenção da saúde mental e na construção de uma percepção mais positiva da vida”.
Ela destaca que tanto quem expressa quanto quem recebe a gratidão experimenta efeitos positivos. “A gratidão não é apenas uma forma de celebração em dias específicos, mas uma atitude que pode transformar nosso dia a dia e nossas relações, promovendo benefícios duradouros tanto para quem dá quanto para quem recebe”, finaliza.