Na última quarta-feira (8), celebrou-se o Dia do Fotógrafo, uma data que presta tributo aos profissionais e apaixonados que capturam instantes e os imortalizam em imagens. Este dia também nos convida a ponderar sobre a evolução da fotografia, sua influência cultural e o papel essencial dos fotógrafos, cujas lentes narram histórias muitas vezes indescritíveis em palavras.
O fotógrafo Lucas Viggiani, há 15 anos na fotografia, apaixonou-se pela profissão ao cursar Publicidade e Propaganda. Paralelo ao curso, ele fotografava pequenos eventos e comandava uma agência de publicidade na capital mineira. “As coisas foram acontecendo até que resolvi fechar agência de publicidade e viver da fotografia. Dentro dessa ideia, eu sempre me inspirei em alguns fotógrafos. De moda como Helmut Newton, Mário Testino, Annie Leibovitz, eu achava muito criativo as coisas que eles faziam, alguns fotógrafos de guerra também, como Cartier-Bresson, foram pessoas que me inspiravam muito e que me deixavam num lugar que eu gostava muito, que ia explorar a criatividade, essas coisas”, conta Lucas.
Para ele, os maiores desafios no início da carreira foram a questão de entrar no mercado de trabalho. “Os maiores desafios que tive na época foi mesmo a questão de entrar no mercado, porque aqui em Montes Claros já tinha os fotógrafos tradicionais, e era um grupo muito seleto, muito fechado, mas eu consegui com o tempo ir construindo minha carreira, porque cheguei com outra perspectiva, com um olhar mais publicitário, mais de foto jornalismo, e as pessoas aos poucos foram gostando. Era um momento de transição na fotografia, onde as pessoas casavam e queriam algo diferente. E até hoje continuo nessa exploração da emoção, do espontâneo, o que leva mais sentimento para dentro da fotografia”.
“Um bom fotógrafo tem que ter uma percepção do local, de onde ele se encontra. É muito importante o fotógrafo ter um olhar diferenciado, treinar esse olhar, porque não é um olhar comum. Então, a curiosidade é essencial, tanto para você conseguir se manter no mercado com as novidades, quanto para você conseguir achar momentos, luzes que se diferenciam do olhar das pessoas que não exercem essa profissão. Acho que essa característica é muito importante, estudar muito, pesquisar, ter referências, olhar. Olhar as coisas que estão acontecendo ao seu redor e acompanhar essa evolução. Acho que é o mais importante. E fazer do jeito que você gosta, do jeito que você sabe fazer. Isso é muito importante”, explica Lucas sobre as características que considera em um bom fotógrafo.
MEMÓRIAS E FOTOGRAFIAS
Um momento marcante na carreira do Lucas veio na área cultural a partir de uma pesquisa com a amiga e historiadora Maíra Fonseca com os catopês, o que transformou o seu jeito de olhar para a comunidade. E uma experiência que marcou a sua carreira foi sua exposição “Catopês” nas Festas de Agosto de Montes Claros no Museu Regional da Unimontes em 2024 “Tudo isso veio em uma hora importante para mim porque aqui é o lugar que eu gosto de estar, de passar informações, criar um legado e a partir dessa história conseguir contá-la para as pessoas”, diz.
Lucas vê o papel do fotógrafo como um instrumento importante no contexto social e político atual. Ele se considera uma foto ativista por fazer um trabalho social e político com as minorias. “É muito importante dar protagonismo às pessoas negras, principalmente na área da cultura e da manifestação religiosas, e também para a comunidade LGBTQIAPN+ da qual eu pertenço. Através da fotografia e das pesquisas, tenho conseguido chegar no público com mais informação e trazer essa transformação nas pessoas contra o pré-conceito e essas amarras que existem na sociedade. É importante o fotógrafo que está à frente disso com essas ideias, dando espaço para todas as pessoas”, conta.