Parte da família

Crescimento da população pet impulsiona cuidados e mercado veterinário

Larissa Durães*
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 30/01/2025 às 19:00.
A comerciante Rejane Kelly Rodrigues Caldeira relata que, no momento, ela e seus familiares estão responsáveis por seis cachorros de tamanho médio e pequeno, todos eles acolhidos por meio de adoção (Larissa Durães)
A comerciante Rejane Kelly Rodrigues Caldeira relata que, no momento, ela e seus familiares estão responsáveis por seis cachorros de tamanho médio e pequeno, todos eles acolhidos por meio de adoção (Larissa Durães)

O Brasil ocupa uma posição de destaque no cenário mundial de pets, abrigando a terceira maior população de animais de estimação, com números impressionantes que oscilam entre 150 e 160 milhões. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), a preferência nacional se reflete na liderança de cães, com aproximadamente 60 milhões, seguidos por aves, com 40 milhões, gatos, com 30 milhões, e peixes ornamentais, com 20 milhões. A pandemia trouxe um fenômeno notável para este mercado: um aumento de 30% na adoção de pets, conforme revelado pela pesquisa Radar Pet em 2021, evidenciando uma busca crescente por companhia e bem-estar animal durante o período de isolamento social.

A comerciante Rejane Kelly Rodrigues Caldeira conta que, atualmente, ela e sua família cuidam de seis cães de porte médio e pequeno, todos adotados. “Somos contra a compra de animais, adotamos todos. Cada um tem sua história, e estamos com eles há aproximadamente 11 anos”. 

Inicialmente, a família chegou a cuidar de nove cães, mas o número diminuiu ao longo do tempo. “Tínhamos nove, mas alguns faleceram e agora temos seis. Nosso objetivo é garantir qualidade de vida para eles”. Ela também comenta sobre os custos envolvidos. “Criamos eles com muita qualidade, e o custo é alto. Por isso, fechamos nos nove para garantir bem-estar a todos”.

Para Rejane, os cães são parte da família. “Nosso pet é interno. Um dorme com a gente, porque é pequenininho. Os demais dormem no colchão dentro do nosso quarto. É família”. 
 
DEMANDA COMERCIAL
A administradora Andréa Lopes, sócia-proprietária de um centro hospitalar veterinário em Montes Claros, destaca que a pandemia trouxe um aumento significativo na adoção e aquisição de animais. “As pessoas que se sentiam isoladas — crianças sem ir à escola, idosos — encontraram nos animais uma fonte de alegria e energia”.

A mudança na relação entre humanos e animais também é evidente. “Há 40 anos, os cães ficavam do lado de fora das casas, muitas vezes apenas como cães de guarda. Hoje, eles estão no sofá, nas camas, acompanham os donos em viagens e frequentam hotéis e restaurantes pet-friendly”.

Andréa observa que os animais ocupam um papel afetivo ainda mais forte nos lares. “Casais cujos filhos saem de casa para seguir suas vidas acabam encontrando uma companhia essencial nos pets. Essa preocupação com o bem-estar do animal só tende a crescer”.

Essa mudança impactou diretamente a medicina veterinária. “Antigamente, o veterinário era clínico geral, sem especialidades. Hoje, as pessoas procuram dermatologistas, oftalmologistas, ortopedistas e até neurologistas para seus pets”.

Ela também destaca que a longevidade dos animais aumentou. “Com certeza. A alimentação evoluiu muito. Antes, os pets comiam restos de comida. Hoje, há rações específicas para diferentes necessidades, garantindo uma vida mais saudável”.

Outro setor que cresceu foi o banho e tosa. “Um banho pode levar mais de uma hora, e muita gente não tem tempo para isso. Por isso, a demanda por esse serviço aumentou bastante”.

Para Andréa, o vínculo entre pets e tutores é tão forte que os cuidados se assemelham ao que se oferece a um ser humano. “O carinho, o afeto, o investimento financeiro, tudo é comparável ao que se faz por um filho”.

Ela também menciona que a nomenclatura está mudando. “A palavra ‘tutor’ está sendo substituída por ‘responsável’, algo que deve se consolidar com o tempo”. 

Sobre regulamentações, Andréa aponta que já há avanços. “Na Europa, os animais têm passaporte, chip de identificação e regras para separações entre tutores. No Brasil, a legislação também está se adaptando, pois os pets são cada vez mais reconhecidos como parte da família”.

Em Montes Claros, a tendência segue a nacional. “Os cães ainda são maioria, mas a população de gatos tem crescido muito. Eles são mais independentes, facilitando para quem passa o dia fora”.

Ela também menciona o aumento na criação de animais exóticos. “A demanda por macaquinhos, cobras, iguanas e roedores está crescendo. São animais que exigem cuidados específicos e que também vêm ganhando espaço nos lares dos montes-clarenses”, finaliza.

*Com informações da Agência Senado

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