Logotipo O Norte
Terça-Feira,29 de Outubro
entrevista

‘Consciência Brechó’: o charme da moda circular em MOC

Adriana Queiroz
Publicado em 08/11/2023 às 22:14.

Silvânia da Hora compartilha a história do negócio e os benefícios do setor (Fabrício Pereira de Araújo)

Organizado e receptivo, assim é o Consciência Brechó, localizado no bairro Canelas, em Montes Claros. Formada em Arquivologia pela Universidade Federal do Espírito Santo, a empreendedora de moda circular, Silvânia da Hora, enquanto mostra as novidades da moda, oferece aos clientes um cafezinho passado na hora com biscoitinhos caseiros, em um ambiente cheio de charme. No Consciência, você não vê o tempo passar e, de quebra, sai com a bag cheia de peças, acessórios e afins, por um preço acessível. 

Mineira de certidão (Governador Valadares), capixaba de criação (Vitória/ES) e montes-clarense de coração há 11 anos, quando veio assumir cargo público federal, Silvânia da Hora conta um pouco mais sobre o empreendimento que tem conquistado o coração dos norte-mineiros, afinal, o consumo consciente é a parte mais bonita dessa relação. 
 
Como surgiu a ideia de criar o Consciência Brechó e qual seu tempo de atuação?
O Consciência nasceu da paixão por moda circular e pelo desejo de atuar em algo que enchesse os olhos das pessoas. Diferente da área arquivística que é uma necessidade indireta e muito pontual. O negócio começou despretensiosamente, bem informal entre as amigas e foi crescendo organicamente.

Nesse um ano de existência, temos superado muitos desafios e vivido várias experiências positivas. Participamos em 2022 da FENICS, nos associamos à Câmara da Mulher Empreendedora que é parte da ACI MOC, na qual ocupo no momento o cargo de Diretora Adjunta de Responsabilidade Social, junto de Letícia Novato, além da participação em inúmeros eventos promovidos dentro da cidade. 
 
Qualquer peça não utilizada é um desapego? 
Excelente pergunta. Não, desapegos são peças que apesar de usadas, ainda preservam potencial de uso. Peças sem rasgados, mancha, ou seja, são peças sem avarias ou com avarias irrelevantes.
 
Qual o diferencial do Consciência? 
O Consciência não vende peças usadas, ele oferece ao cliente a oportunidade de aderir à novas práticas de consumo ou ser mais uma opção, para quem já pratica o consumo consciente; além disso um dos nossos valores é a inclusão. Temos a preocupação de incluir na moda as pessoas com deficiência (PcDs) e as pessoas plus-size. 
 
O Consciência encontrou desafios para atender essa demanda?
Com certeza, justamente por ser um público pouco pensado pelos fabricantes de moda, não encontramos com facilidade fornecedores suficientes de desapegos ou mesmo peças para a compra. Esse público geralmente usa suas peças até acabar devido à dificuldade de reposição. E, no caso dos PcD’s, especificamente, abordamos alguns no Instagram e entre amigos para saber se seria uma oportunidade de mercado, e sim, tivemos resposta positiva, todos os abordados relataram o sentimento de exclusão e as dificuldades no momento de comprar roupas. 
 
E quanto ao mercado para moda circular em Montes Claros?
Outro grande desafio a ser vencido. O número de pessoas esclarecidas e adeptas ao conceito, ainda é muito menor que o número de pessoas preconceituosas. Pensam que comprar em brechó é coisa de pobre, que usar roupas usadas é nojento. Estranho. Até nos restaurantes mais nobres, o mesmo talher é utilizado por muitas pessoas, e assim como eles, as peças também são higienizadas por nós e por quem comprá-la. Penso.
 
Explica para nós a diferença entre bazar e brechó?
Atualmente, a principal diferença é a finalidade, porque bazar, via de regra, está relacionado à caridade, a origem das peças são doações e a receita destinada à entidade sem fins lucrativos. Já o brechó é empreendimento particular, não angaria doações e possui fins lucrativos. Outro grande diferencial é a curadoria, no brechó a curadoria precisa ser minuciosa, o que geralmente não acontece no bazar que oferece as peças exatamente como chegavam. Atualmente, nos bazares mais organizados já existe uma triagem das peças. 
 
Quanto a sustentabilidade, qual a contribuição do Consciência para o meio ambiente?
Obrigada por fazer essa pergunta, e nesse caso eu ouso responder não só pelo Consciência, mas por todos os brechós. A indústria da moda sempre é apontada pelas pesquisas como uma dentre os maiores poluentes ao meio ambiente. Então, comprar em brechós não irá mudar o mundo, mas é uma excelente manifestação por novos sistemas de produção. Peças a caminho dos aterros sanitários podem ter seu tempo de vida aumentado, e que sabe até mesmo outro destino.

Compartilhar
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por