Condenado engenheiro que matou nutricionista

Jornal O Norte
Publicado em 18/12/2006 às 10:22.Atualizado em 15/11/2021 às 08:46.

Defesa alegou que réu


matou por amor tresloucado


e paixão desequilibrada



Depois de 10 horas de julgamento, o engenheiro mecânico, Fernando Lucas Osório Camargos, 47 anos, foi condenado a 19 anos e 6 meses de reclusão em regime fechado, por 7 votos a 0, por ter matado sua ex-mulher, a nutricionista da Santa Casa, Elizabeth de Lourdes Trovão, 34 anos, com cinco golpes de faca no dia 30 de julho do ano passado.



Com o tribunal do júri totalmente lotado de familiares da vítima, do réu, de estudantes de Direito, advogado e populares, o julgamento começou às 8 horas.






Fernando Lucas foi condenado por matar a ex-mulher


com cinco golpes de faca
(foto: Wilson Medeiros)



A acusação apontou como o assassinato foi premeditado pelo réu - que comprou a arma do crime, uma faca, foi à casa da nutricionista verificar se ela estaria sozinha, ligou para a mãe da vítima antes do brutal assassinato pedindo perdão, até que chegou na casa de Elizabeth Trovão e a abraçou com a faca em punho, como confessou o próprio Fernando Lucas.



FRIEZA E AMOR



Entre os vários relatos apontados pela acusação, que foram confessados por Fernando Lucas, o sobre a frieza com que praticou o crime abalou os presentes, pois após efetuar as cinco facadas, o réu colocou a vítima em seus braços e esperou que a mesma desse o último suspiro para ligar para a polícia. O advogado de defesa, Lúcio Adolfo da Silva, alegou que o crime foi por amor.



- Era um amor descontrolado, desequilibrado. Quem não mataria por amor? –  indagou.



Durante a defesa do réu, a mãe de Elizabeth, Maria Geralda Efraim Trovão, saiu do tribunal do júri como protesto.



- Não consegui assistir a uma cena tão deprimente. Que amor é esse que estão defendendo? Isso não é amor. Ele não pensou nas crianças, só pensou em si mesmo – disse Maria Geralda.



- Só espero justiça, porque perdoar um desequilíbrio como ele só pioraria a situação. Já pensou se agora os homicídios, principalmente os cruéis, como foi o da minha filha, forem justificados por amor desequilibrado? Ele sabia o que ia fazer, pensou tudo antes. Depois tentou fugir da cadeia e foi noticiado, inclusive, que ele estava curtindo as praias de Salvador. Que amor é esse? Já que o amor dele era desequilibrado, porque ele não se matou? Não desejaria isso para ninguém, mas depois do que aconteceu, penso que seria melhor ele se matar e deixar minha filha viva, cuidando dos filhos – desabafou Maria Geralda, antes do término do julgamento.



DOR SEM LIMITES



Ao final do julgamento, a mãe de Elizabeth disse que por mais que seja feita justiça, que o réu pague pelo crime que cometeu, a dor de nunca mais poder ver e abraçar a filha cresce a cada dia.



- Meu coração está em pedaços desde o dia 30 de julho de 2005. A dor que sinto é sem limites, o peito rasga e as lágrimas tomam conta de cada segundo da minha vida. Essa dor que invadiu nossa família abalou para sempre a vida dos meus netos, e me acompanhará até os últimos dias da minha vida – finalizou emocionada, Maria Geralda.



O CRIME



O crime brutal aconteceu por volta das 18h50 do dia 30 de julho de 2005, quando Fernando Lucas matou a nutricionista com cinco golpes de faca em sua residência, no Bairro Sagrada Família. Na época do crime, testemunhas afirmaram que, antes de matar a ex-mulher, Fernando tinha passado em sua residência e, como não a encontrou, retornou mais tarde quando, após uma discussão, gritos de socorro foram ouvidos pelos vizinhos.



Ao entrar na residência de Elizabeth, vizinhos a encontraram nos braços de Fernando, agonizando. Ainda segundo os vizinhos, após matar a esposa, o próprio assassino ligou para a polícia militar.



Testemunhas afirmaram também que Fernando Lucas não aceitava o rompimento do namoro com a nutricionista e preferiu matá-la a vê-la feliz com outro. Eles se revoltaram com o engenheiro e quebraram seu carro, um Ford KA vermelho.



ADIAMENTOS



A primeira data do julgamento tinha sido marcada para o dia 18 do mês de maio passado, a segunda para o dia 30 do mesmo mês, a terceira para a última semana de setembro.



No dia 24 de outubro, mulheres de vários órgãos e entidades que lutam no combate à violência contra as mulheres se reuniram com a família da nutricionista na porta do fórum e, utilizando cartazes, faixas, fotos e velas clamaram por justiça.



O crime bárbaro que tirou a vida da nutricionista, que tinha dois filhos - uma menina de três anos, que é tetraplégica, e um menino de nove anos, chocou a população que, mesmo após um ano, se lembra com tristeza e indignação do caso.

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