
O Cinema Comentado Cineclube retoma sua programação no segundo semestre de 2025 com uma proposta que valoriza a produção audiovisual mineira e o debate comunitário sobre o cinema. A nova temporada traz a exibição de um longa-metragem realizado por cineastas do estado, em parceria com o Circuito Embaúba Filmes, além de um curta produzido em Montes Claros — reforçando o compromisso do projeto com a democratização do acesso ao cinema e o estímulo à reflexão crítica.
Criado há 22 anos, o projeto foi idealizado por Fernando Rodrigues, que mesmo tendo se afastado da coordenação em 2015, continua acompanhando de perto a iniciativa. “Acredito que o formato das exibições seguidas de debates esclarece o público sobre as diversas características que compõem a rica linguagem audiovisual. A discussão com o público aprofunda certos aspectos da obra, de seus realizadores e da contextualização das tramas apresentadas”, avalia Fernando.
Atualmente, o projeto é conduzido pelo jornalista e professor de cinema Elpídio Rocha, que reforça a função do cinema como espelho da sociedade. “Os filmes são produtos culturais que refletem o contexto social e servem para afirmar ou mostrar as particularidades de classe social, gênero, identidade e ideologia dos grupos que compõem a sociedade brasileira em sua diversidade”, afirma.
Rocha também destaca a importância dos debates após as sessões como forma de participação coletiva. “A conversa sobre os filmes é um ponto de partida para abordar temas diversos. A linguagem audiovisual envolve e conquista o público, oferecendo tópicos que democratizam a fala, os questionamentos e as considerações sobre o que o filme retrata e representa”.
Sobre o convite à comunidade, Elpídio reforça: “O Cinema Comentado é um projeto criado para democratizar o acesso aos mais variados filmes e divulgar o cinema brasileiro, destacando sua qualidade e representatividade. É um espaço aberto para participação, conhecimento e apoio às produções locais e regionais”.
Entre os destaques da programação está o curta “Sá Dona”, que foi exibido na última quarta-feira (23) e será exibido nesta quinta, 24 de julho. A protagonista é a artista Terezinha Lígia, do Grupo Teatro Fibra. Ela explica que a personagem surgiu a partir do espetáculo teatral “Vem Ver Boi” (2009), dirigido por Lucílio Gomes. “Sá Dona é uma mulher forte, indignada com as situações políticas e existenciais da humanidade. Sua concepção é resultado de vivências, conhecimentos adquiridos e da minha ancestralidade”, afirma Terezinha.
QUINTA-FEIRA (24)
“Sá Dona” (2025 — 16minutos — Ficção).
Direção: Fernando Rodrigues.
Sinopse: Uma tarde, chá, biscoitos e lembranças. A atriz e diretora teatral Terezinha Ligia relembra Sá Dona, personagem criada por ela que, ao remexer suas memórias, vai encontrar algumas surpresas.
SEXTA-FEIRA (25)
“Yõg Ãtak: Meu pai Kaiowá” (2024 — 94minutos — Ficção).
Direção: Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna.
Sinopse: A busca de duas irmãs pelo pai, que durante a Ditadura Civil-Militar (1964-1985), sai de Minas e vai para o Mato Grosso. O reencontro, e a realidade de parte das populações originárias nesses dois Estados.
SERVIÇO
As exibições acontecem no Museu Regional do Norte de Minas, ligado à Unimontes, um dos apoiadores do projeto, junto com o Circuito Embaúba e a Fulô Comunicação e Cultura. O Museu Regional está localizado no Corredor Cultural, rua Coronel Celestino, 75, centro da cidade. As sessões acontecem a partir das 19h e o acesso é gratuito.