Com que roupa eu vou?!

Brechós ganham adeptos em MOC e mudam a cara do consumo

Márcia Vieira
Publicado em 23/05/2023 às 20:00.
 (arquivo pessoal)

(arquivo pessoal)

Para cada Roberto Justus que não se adapta aos Brechós - o empresário declarou em entrevista que este foi um dos motivos que colocou fim a sua união com a modelo, atriz e apresentadora, Adriane Galisteu, fã declarada dos espaços - existem centenas de mulheres como Galisteu, que prezam pelo estilo e ajudam a difundir o gosto pela moda reutilizável. 

Em Montes Claros, este nicho de mercado ganha adeptos a cada dia. Diferentemente do bazar, que vive de doações, os brechós trabalham com roupas selecionadas e adquiridas a preços modestos que passam por um processo de esterilização e até pequenos reparos, para serem colocadas novamente no mercado. 

Elisa Versiani já havia trabalhado em loja de roupas e encontrou na atividade uma maneira de dar continuidade ao ofício que tanto ama. Foi assim que nasceu o Brechó Luluzinha, no bairro São Judas, nome escolhido para homenagear a filha de um sobrinho que nasceu na mesma data em que ela iniciava o negócio, há dois anos. 

“A vantagem é que as peças são exclusivas, variadas, seminovas e com preços muito bons. Prezo muito pela qualidade para manter a minha clientela”, diz Elisa que aposta no crescimento do mercado. “As pessoas estão cada vez mais valorizando o consumo consciente. Consigo atender a uma clientela bem variada”.
 
MUDANÇA DE VIDA
Ana Elisa de Menezes, faz história com o brechó Chá de Hortelã. O interesse pela moda veio cedo e sempre aliado a preocupação com o impacto ambiental. Cursou faculdade de engenharia química e zootecnia, mas não conseguia se encaixar em empregos formais. Em meio a uma crise depressiva, assistiu a um filme que mudaria sua vida. 

“É a história de uma garota que encontra seu lugar no mundo vendendo peças usadas. Me enxerguei ali. Tinha centenas de peças entulhadas no armário. O consumo me consumia. Iniciei um processo de limpeza externa a fim de curar o interno”, conta Ana que, por meio de uma plataforma na internet, conseguiu realizar várias vendas e se sentir viva novamente. Em 2020, abriu o primeiro site de brechó do Norte de Minas e a consequência foi a criação de um espaço físico. Porém, ela não se adaptou, refez as contas e retornou à plataforma com uma nova proposta de loja circular, também a primeira da região. Nesse modelo, a pessoa paga uma taxa e leva a roupa para casa. Depois de uma semana ela pode adquirir o produto em definitivo ou devolver. Caso fique com a peça, deduz o valor já pago.

“Me especializei na nova experiência de compra. As roupas chegam em pacotes ecológicos que custam seis meses de decomposição no débito ambiental. Os papéis são todos reciclados a fim de reduzir o impacto ambiental, os cabides vêm de uma empresa ecológica e as tags (etiquetas) das roupas são todas feitas de papel semente para que minhas clientes plantem uma ideia de sustentabilidade na vida delas também “, completa Menezes. 

Bella Lopo, atriz e jornalista, conta que 95% do seu guarda roupa é garimpado em brechó. Tanto em MOC como em outras cidades; ela é cliente assídua e reserva tempo na agenda para renovar o guarda-roupa. Para Bella, são inúmeros os benefícios, a começar pelo meio ambiente. 

“Já se questionaram onde vão parar as roupas que a madame enjoou e jogou fora? E tem a economia, pois a roupa de segunda mão custa bem menos de 10% do preço de vitrine. Dá para usar marcas famosas, tecidos bons e sofisticados por um preço irrisório. O brechó é uma excelente opção. Uso roupas de segunda mão desde quando morava na roça e vestia o que ganhava nas doações. Depois de adulta entendi que 70% do vestir-se é puramente comércio”, conclui.

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