Cerca de 200 produtores de cachaça mineiros e de outros 20 estados levarão novidades e produtos tradicionais à 29ª edição da Expocachaça, que começa hoje e vai até domingo, no Expominas, em Belo Horizonte. Nos quatro dias de feira, considerada a maior do país no segmento, R$ 55 milhões devem ser movimentados em negócios. Pelo menos 60 mil visitantes são esperados no evento.
Desde 1998, quando foi criada, a Expocachaça já girou mais de R$ 400 milhões. Para o presidente e fundador da feira, José Lúcio Mendes, reunir a cadeia produtiva em um só lugar é importante para promover a interação do setor.
“Além da cachaça, nós temos no evento toda a cadeia produtiva com equipamentos, insumos e serviços. A feira é o retrato do desenvolvimento do setor ao longo dos anos, de como o setor está se organizando”, afirma.
O Norte de Minas é um importante polo de produção de cachaça. Na região fica Salinas, cidade que abriga grandes produtores. É o terceiro município com maior fabricação da bebida no país. Mas há alambiques também em Novorizonte, Rubelita, Fruta de Leite e Taiobeiras.
Salinas tem aproximadamente 35 produtores artesanais de cachaça que fabricam cerca de 5 milhões de litros da bebida e abriga os alambiques de mais de 60 marcas, 50 delas são associadas à Associação dos Produtores de Cachaças Artesanais de Salinas (Apacs), na busca da melhoria da qualidade dos produtos para se firmarem como referência mundial.
“Cerca de R$ 12 milhões é a receita anual com a produção de cachaça. Nossa luta é para diminuir a tributação, que mesmo com as novas regras ainda é pesada”, diz Eílton Santiago, produtor da cachaça Canarinha e ex-presidente da Apacs.
NOVOS MERCADOS
O diretor-executivo da Cachaça Seleta, Gilberto Luiz de Lima Soares, aposta na feira para conquistar mais clientes e aumentar as vendas da bebida, fabricada em Salinas. De acordo com ele, a intenção agora é ampliar o share junto aos jovens. “O público da cachaça artesanal é mais diferenciado. E, além da bebida pura, as pessoas têm consumido muitos drinks diferentes que levam a bebida”, comenta.
Os coquetéis, conforme o produtor, são uma forma de ampliar o consumo da cachaça, especialmente entre os mais novos. Como destaque, ele cita o bloody mary com cachaça e o trovão azul, que leva suco de abacaxi e curaçau blue.
“Vamos apresentar na feira uma cachaça que criamos em parceria com o cantor Gustavo Lima também para nos aproximarmos desse público”, adianta Gilberto.
Anualmente, a Seleta produz 2 milhões de litros, consagrando-se como uma das maiores cachaçarias do país. Para 2019, a previsão é a de que haja aumento de até 10% no faturamento. Um dos motivos da projeção positiva é a qualidade da safra atual, que começou em maio.
“A cana está rendendo mais, com mais qualidade e boa aparência. Essa safra será bem melhor”, projeta Gilberto Soares. A colheita vai até outubro, quando começa o período chuvoso.
NÚMEROS
Os números realmente chamam a atenção. O setor faturou mais de R$ 11 bilhões em 2018 e estima aumentar em 13,43% a receita em 2019. Em Minas Gerais, só de ICMS em 2018, o Estado arrecadou mais de R$ 31,8 milhões com a bebida.
“Houve uma intensificação das fiscalizações do Ministério da Agricultura no Estado e vários produtores clandestinos fecharam as portas, permitindo um crescimento maior de quem está legalizado”, afirma a superintendente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas (Sindbebidas-MG), Tatiana Santos.
De acordo com ela, os comerciantes também têm recusado as cachaças clandestinas. “Eles sabem que terão o produto lacrado e recolhido. Também tem multa. Não querem correr o risco vendendo uma bebida que pode, além de tudo, fazer mal para o consumidor”, pondera.