Automedicação é uma prática que pode por a vida em risco

Jornal O Norte
Publicado em 26/10/2006 às 10:18.Atualizado em 15/11/2021 às 08:43.

Ticyana Fonseca


Repórter


onorte@onorte.net



A automedicação, prática de ingerir medicamentos por conta e risco próprio sem acompanhamento de um profissional de saúde, pode agravar os efeitos colaterais indesejáveis dos medicamentos.



null


(foto: divulgação)



Pelo menos 50% das vendas dos medicamentos tradicionais do mercado brasileiro correspondem a automedicação. Essa foi uma das conclusões do estudo - Configuração do complexo econômico da saúde, realizado no ano passado pela Unicamp a pedido do ministério da Saúde.



No Brasil, vários remédios, incluindo antibióticos, são vendidos sem receitas. Além disso, o paciente faz o marketing boca a boca, indicando o medicamento aos amigos e familiares.



AUTORIDADES



Segundo William Saab, gerente do Banco nacional de Desenvolvimento Econômico e Social que realizou um estudo recente sobre automedicação, o brasileiro tem compulsão de se automedicar, o que motiva varejistas de fármacos menos éticos. Seria também um reflexo da crise da saúde pública, que dificulta o acesso e acompanhamento adequado.



O diretor da Anvisa, Gonçalo Vecina Neto, reconhece que a questão da prescrição e da automedicação é um desafio para uma cultura como a nossa. Para Gonçalo é um processo demorado que envolve educação das pessoas e dos profissionais.



ERROS



O grande problema dos medicamentos é que a maioria deles não atua diretamente na parte do corpo que está com problemas. Isto faz com que os remédios visitem com freqüência o estômago e o fígado pode ocorrer sensações estranhas tais como a queimação no estômago.



E justamente ai que estão os maiores problemas das contra-indicações e efeitos colaterais. Além disso, o remédio pode ir para outra parte do corpo atraído quimicamente. Exemplo simples, são os anti-histamínicos, usados contra alergia, que podem provocar sonolência, devido à sua ação no sistema nervoso central.



Os analgésicos no Brasil são os mais vendidos, e nem por isso deixam de trazer efeitos colaterais. O ácido acetil-salicílico, AAS ou Aspirina, pode provocar irritação estomacal e dificuldade de coagulação sanguínea, além de não poder ser ingerido depois de pequenas cirurgias e durante a menstruação. Já o acetaminofeno (tylenol) pode prejudicar o funcionamento do fígado, por causa da toxidez.


 


MONTES CLAROS



O número de farmácias que vendem remédios sem prescrição médica em Montes Claros ainda é grande, e muitas chegam a vender remédios de tarja preta que só podem ser vendidos sob prescrição medica.



- Ainda é grande o número de pessoas que compram sem receitas. Vendemos mais medicamentos como analgésicos e antitermicos, porque estes, sim, podem ser vendidos sem receita. Os de uso mais comum, como AAS e Aspirinas. Os mais fortes têm de ser orientados pelo médico - diz Gilberto Soares atendente de uma farmácia.



Para os médicos a pratica da automedicação é completamente errada.



- O ato das pessoas se automedicarem é completamente errada. Para se passar uma medicação, o médico tem de avaliar o paciente completamente fazendo um levantamento. Para esse paciente, depois de avaliado, fica mais fácil de saber o tipo de medicamento a ser recomendado. Quem usa medicamento por conta própria pode ter um complicamento agudo ou coisas mais leves como dor de cabeça, dor no estômago ou até mesmo chegar a desenvolver um quadro de insuficiência renal, por exemplo. As pessoas têm de tomar cuidado porque o atendente da farmácia não é farmacêutico, não pode prescrever remédio a ninguém - relatou o médico Diogo Santos Barbosa.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por