Com a chegada do Réveillon, as tradições e simbolismos se destacam, refletindo o anseio coletivo por prosperidade e boas energias. Além de rituais populares, como pular sete ondas e usar roupas de cores específicas, práticas religiosas oferecem perspectivas distintas sobre a chegada do novo ano.
Ricardo Ribeiro do Carmo, membro da Paróquia Nossa Senhora de Montes Claros e São José de Anchieta, explica quais são os rituais e simbolismos que marcam o Ano Novo para os católicos. “Para nós, as celebrações começam ainda no Natal, com missas e comemorações que exaltam o nascimento de Cristo, e seguem no Réveillon, com destaque para a vida como um dom divino”, explica.
Entre os elementos utilizados nos rituais, ele destacou as velas, as quais são parte essencial das missas, além de roupas brancas e incensos, que remetem aos presentes recebidos por Jesus no Natal. “Esses itens simbolizam pureza, gratidão e renovação espiritual”, disse.
Ricardo também destacou o papel da fé na construção de um ano próspero e equilibrado. “A fé é fundamental, principalmente diante das dificuldades, como a desigualdade social. É ela que nos fortalece e nos dá esperança de um amanhã melhor para toda a humanidade”, afirmou.
CLAMOR DIVINO
Para o pastor Silvio Serqueira Alves, líder da Igreja Batista de Filadélfia e presidente do Conselho de Pastores do Norte de Minas, as celebrações de Ano Novo na tradição batista estão focadas na oração e na busca pela vontade divina. “À meia-noite, os fiéis se reúnem para clamar a Deus por bênçãos e pela realização de Sua vontade no novo ano”, relata.
Para ele, a fé é essencial para construir um ano próspero e equilibrado. “Ela nos permite enxergar espiritualmente aquilo que ainda não aconteceu. É pela fé que materializamos nossos desejos e nos fortalecemos para enfrentar os desafios do novo ano”, concluiu.
EQUILÍBRIO ESPIRITUAL
Tata’etu Italende, conhecido como Pai Renato, sacerdote da casa Manzu N’Guzu Kaiala Mazamb, descreve os rituais realizados na Umbanda e no Candomblé para a transição do Ano Novo. Ele explica que essas práticas visam o equilíbrio espiritual, emocional e psicológico, preparando os adeptos para um novo ciclo.
Nos últimos dias do ano, realiza-se a limpeza dos assentamentos sagrados com água consagrada, seguida de banhos com elementos como arroz, caldo de canjica, erva-doce e pétalas de rosa-branca para promover equilíbrio na passagem de ano. Entre 1º e 6 de janeiro, os rituais focam na atração de prosperidade e caminhos abertos, com banhos simbólicos preparados com girassol, especiarias e moedas, as quais são deixados sob a luz da lua e posteriormente ofertados em praças movimentadas, representando a doação de energias positivas. Pai Renato explica que o primeiro banho promove equilíbrio e transição energética, enquanto o segundo atrai prosperidade e boas energias.
Ele destaca a fé como essencial para motivar e dar propósito, conectando o indivíduo à espiritualidade. “No Candomblé e na Umbanda, os rituais refletem a valorização do equilíbrio entre o espiritual e o material, fortalecendo a esperança para o novo ciclo”, relata.
SEM SIMPATIAS
Leonardo Cangussu, coordenador de um grupo de estudos sobre a Doutrina Espírita, compartilha que na sua crença em relação ao Ano Novo não há rituais ou simpatias prescritas na doutrina. Segundo ele, a prática religiosa não inclui elementos tradicionais, mas prioriza a fé, a oração e o trabalho como pilares fundamentais para o crescimento pessoal e espiritual.
“A fé é um ingrediente importantíssimo, mas é algo que se conquista aos poucos, com esforço. Não temos uma fé pronta ou completa, ela é desenvolvida gradativamente. Na visão espírita, a fé, aliada à oração e ao trabalho, é tudo o que precisamos para um Ano Novo exitoso”, afirmou Leonardo.
Independentemente da crença, as práticas de Ano-Novo revelam que a fé, em suas diversas manifestações, é o impulso que leva o ser humano a buscar equilíbrio, esperança e propósito para o ciclo que se inicia.