Após cinco anos de impunidade, mandantes de execução de casal vão a júri popular

Jornal O Norte
12/03/2007 às 09:41.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:59

Gissele Niza


Repórter


onorte@onorte.net

No ano em que completa cinco anos de impunidade da brutal execução do casal Rosalvo Bastos e Daniela Oliveira, finalmente os mandantes do crime  que marcou a história do jornalismo em Montes Claros irão a julgamento.




Rosalvo e Daniela foram executados no Centro de Montes Claros, em 2002, com tiros e facadas

Desde o dia 4 de maio de 2002, quando pistoleiros de aluguel do Estado da Bahia vieram a Montes Claros e executaram o jornalista Rosalvo Bastos e sua noiva, Daniela Oliveira, com tiros e facadas, em frente à sua residência, localizada na Rua Dom Pedro II, Centro da cidade, a família, amigos e a classe de jornalistas clamavam por justiça.

Mas diante das brechas da lei, que permite aos criminosos impetrar recursos e mais recursos para retardamento do julgamento, os mandantes das execuções, Dalmar Ferraz de Melo e seu filho Dalmar Júnior, ficaram em liberdade.

Na tarde de sexta-feira, 9, o juiz da vara de execuções penais e presidente do tribunal do Júri, Marcos Antônio Ferreira, informou a O Norte que o julgamento dos mandantes do crime acontecerá ainda este ano.

O juiz explicou que os réus impetraram três recursos no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, sendo que todos foram negados.

- O Tribunal de Justiça de Minas Gerais negou o pedido de recurso especial para que o processo seguisse para Brasília. Diante da negativa dos três recursos impetrados pelos réus e, principalmente da decisão publicada sexta-feira, o processo deve voltar nos próximos meses para a comarca de Montes Claros, quando os réus serão intimados através de cartas precatórias, posto que atualmente residem na cidade de Vitória da Conquista, Bahia. Concluída esta etapa, finalmente será marcado o júri popular, o que deve ocorrer ainda este ano – informou o juiz.

EXECUÇÕES

Ao relembrar o crime que aconteceu por volta de 19 hs do dia 4 de maio de 2002, a promotora Raquel Batista disse a O Norte que os réus irão a júri popular pelo crime de homicídio em concurso material, ou seja, duplo homicídio, podendo pegar de 12 a 30 anos de reclusão por cada execução.

- O crime provocou revolta entre parentes, amigos e colegas da imprensa, diante dos recursos impetrados, dentro da vasta gama permitida pela lei. Os réus estão em liberdade e irão a júri popular. No inquérito, existem provas de que os réus contrataram pistoleiros de aluguel para executar os crimes. Segundo testemunhas, Dalmar não se conformou com o suicídio de seu filho Danilo Ferraz e jurou vingança. O réu teria relatado a várias testemunhas que iria se vingar da namorada de seu filho, matando toda sua família e deixando ela por último. E, no dia 4 de maio, os pistoleiros de aluguel executaram o jornalista Rosalvo e Daniela com tiros e facadas – informou a promotora.

Nos autos constam que o filho de Dalmar, Danilo Ferraz, se suicidou quando estava em um motel com sua namorada Adriana Oliveira, irmã de Daniela. Dalmar não aceitou a morte do filho, acusando Adriana do crime e jurando vingança contra a família da namorada do filho.

No dia 4 de maio, quando Rosalvo chegava em sua casa com Daniela, foi abordado por dois homens que o executaram com um tiro na nuca, e sua noiva com três tiros e várias facadas.

Além das juras de vingança de pai e filho, também consta nos autos que a esposa de Dalmar escreveu uma carta relatando como aconteceu o crime.

SOFRIMENTO DA FAMÍLIA

Irmã de Rosalvo, a jornalista Marlene Bastos falou a O Norte que a família, amigos e colegas de profissão esperam que justiça seja feita.

- Todos que conheceram Rosalvo sabem que ele era um homem trabalhador, humilde, que jamais seria capaz de fazer mal a ninguém. Vivia para o trabalho e pela família. Há cinco anos esperamos que a justiça dos homens seja feita, confiamos e nunca perdemos a esperança de que a justiça divina também será feita, pois o brutal assassinato de Rosalvo e Daniela chocou toda a população, pela crueldade e pela injustiça. Ficamos felizes em saber que, após anos de sofrimento, enfim a justiça dos homens poderá ser feita – disse emocionada Marlene Bastos.

JORNALISTAS CLAMAM POR JUSTIÇA

Para o jornalista Girleno Alencar, diretor do Hoje em Dia, a justiça deve ser feita e os mandantes da brutal execução punidos exemplarmente.

- Apesar do crime não ter sido contra o jornalista e, sim, de ordem familiar, todos os jornalistas que acompanharam o sofrimento da família e amigos durante anos, vendo os mandantes de tão crueldade em liberdade, amparados pelas brechas da lei, esperamos que finalmente seja feita justiça. Que os acusados sejam punidos pelos crimes que cometeram, pagando pistoleiros para executarem pessoas de bem – afirmou Girleno Alencar.

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