Pensando em gerar renda e resgatar uma tradição mineira, pequenas produtoras rurais, donas de assentamentos, ribeirinhas e donas de casas, de várias comunidades em Várzea da Palma começaram 2023 adquirindo conhecimentos.
Por meio do Sindicato dos Produtores Rurais da cidade, foram capacitadas pelo Sistema Faemg Senar no curso “Produção Artesanal de Quitandas Mineiras”, realizado pela primeira vez no Norte de Minas.
As 11 alunas da agricultura familiar vão usar os conhecimentos para produção de delícias típicas mineiras, como bolos, biscoitos, pães, pão de queijo e roscas, valorizando matérias-primas que estão no quintal de casa: mandioca, limão, abóbora, milho, cebola, alho, ovos e o queijo já produzido por elas.
Os produtos usados para a confecção dos produtos são todos naturais e da região.
“Tudo sem agrotóxico”, diz, com orgulho, a presidente da associação comunitária Ilha do Engenho, Suelaine Cristina da Silva.
Uma das alunas foi a agricultora, Janaina Pereira de Freitas, de 29 anos, que conta que deu para aprender muita coisa.
“Foi muito proveitoso, porque tinha muita coisa que a gente fazia, mas não tinha noção da base certa, pesar e medir, que a gente fazia mais com o olho”, explica.
Janaína considera muito bom ser capaz de medir a quantidade dos produtos que serão usados para não desperdiçar nada, “além do fato de que, agora, tudo sai com o mesmo peso e valor nutriente”.
Os produtos para fazer as quitandas podem ser retiradas da produção das agricultoras, o que ajuda muito nos custos e no aproveitamento da colheita.
“Antes eu entregava para as escolas os produtos que planto, agora vou poder entregar os que produzo, como bolos, doces, tudo feito por mim. O que vai ajudar bastante na economia familiar”, diz, satisfeita, a aluna Janaína.
O curso abrange um pouco sobre a produção destes alimentos, que fazem parte da vida, história e cultura de muitas pessoas, especialmente em Minas. “A proposta foi fazer com que a comunidade volte a valorizar mais essas práticas e receitas. Pois, nos dias atuais estamos perdendo muito essa cultura, estamos nos acostumando a comprar produtos industrializados e esquecemos de produzir”, diz a instrutora do Senar Minas, Mara Juscilene Rocha Santos. “Com o curso elas aprenderam a fazer as quitandas e resgataram essa cultura, além de ser fonte de renda”, explica.
O curso foi realizado em uma cozinha comunitária, no distrito de Barra do Guaicuí, que foi reformada para receber as alunas. O objetivo é que o espaço possa ser de uso comunitário e também para novas capacitações, para servir de local de produção até mesmo para atender a demanda de contratação destes produtos pela prefeitura municipal.
“Fico até emocionada em falar sobre o assunto, porque essa cozinha estava já há muitos anos, parada e desativada, então, através deste curso, que durou quatro dias, veio para agregar valores para a renda familiar, além de ter sido de grande aprendizagem”, diz a presidente da associação.
Além de ensinar a fazer ou aperfeiçoar, o curso serviu para ensinar as alunas a como valorizar a produção própria.
“Nos ensinou a embalar, colocar o preço correto em cada produto”, conta Suelaine.
“Vamos valorizar mais a culinária local, vamos poder produzir com mais qualidade para ofertar aos visitantes que vierem até a nossa região”, finaliza Janaina.