Quem passa pela biblioteca pública Dr. Antônio Teixeira de Carvalho, localizada no Centro Cultural Hermes de Paula, pode acompanhar o trabalho da jovem poeta montes-clarense Luana Ferreira Antunes, de 19 anos. É uma coletânea de poesias recentes, que perpassam temas como amor, conflitos internos e sociais, além de elementos específicos regionais.
Acadêmica do quinto período do curso de Direito do Centro Universitário Funorte, Luana atua há três anos no Festival de Arte Contemporânea Psiu Poético. Suas composições poéticas conquistam o coração de quem as lê.
“Montes Claros, terrinha da ‘carne de sol e do pequi’. Enxergo minha relação com a cidade em um misto de afeição, saudosismo e poesia. A cidade tem uma aura poética muito potente, na minha concepção. Nas horas vagas, inclusive até nas não vagas, (risos), estou escrevendo”, diz.
Quais foram seus primeiros contatos com esse mundo da leitura e da escrita?
Desde pequena, eu mantinha um caderno de histórias. Meus pais, Albert e Selma, e minha falecida avó, Maria Deadilma, me incentivaram muito a ler e a escrever. Meu irmão, Iam Pedro, também sempre me apoiou muito. Minha primeira história foi ainda pequena, sobre dois corações. (Literalmente, os corações eram os protagonistas).
Conte um pouco sobre seu livro de poesias “Sonhos Escritos: Onde as palavras ecoam, crepitam” e da sua participação numa antologia
Escrevi com 16 anos, para um concurso do qual nunca participei, portanto, acabei optando por publicar com 17. Tive dúvidas por ainda ser muito nova, mas acredito que não existe tempo certo para se dar esse salto. Tive a oportunidade de participar da antologia: “Psiu Poético Rumo aos 40”, como um dos 40 poetas, ainda esse ano, cujo lançamento maravilhoso ocorreu no restaurante Sanchos. É uma produção rica e extremamente afetuosa, de uma trajetória de Psiu, marcada por nomes como: Aroldo Pereira, Renilson Durães, Karla Celene, Matheus Carvalho e muitos outros escritores e artistas, para lá de especiais.
Como foi todo o processo (desafios, processo criativo, publicação, aceitação do público)?
Desafiador, pois eu não tinha nenhuma noção. Mas foi realizado com a parceria da Editora Autografia, que me auxiliou durante todo o processo inicial, de diagramação, da produção da capa, entre outros. Sem dúvidas minha parte favorita foi a produção da capa, sobre a qual tive liberdade enorme para opinar. Quanto à publicação, foi motivo de folia para amigos e família, infelizmente não é uma temática muito requisitada pelo público-alvo da minha idade mesmo, mas ainda assim, tive muito apoio de amigos e conhecidos.
Quais são seus projetos? Vem mais livro por aí?
Sem dúvidas! Atualmente, estou trabalhando em um projeto com meu amigo e escritor Matheus Carvalho, que, pela correria, acabou ficando meio de lado; mas ainda penso em retornar nessa com ele, caso ele ainda esteja animado, e já penso em futuras publicações autorais também. Poesia é minha praia, mas devaneio muito em também explorar outros ramos literários, como suspense e romance.
Você é acadêmica do curso direito. Você acredita que a literatura auxiliou a te levar por esse caminho?
Acredito que houve influência sem dúvidas, devido às temáticas trabalhadas durante o curso, e habilidades requisitadas. Além disso, eu e uns colegas da faculdade, temos o grupo Ágape, voltado para debates e leitura. O Instagram é: Àgape_conexao. Além disso, todos são bem-vindos para fazer parte. Mas acredito que se eu tivesse me permitido ser influenciada diretamente, teria flertado com outros cursos, como letras, por exemplo.
Quando escreve, faz pensando em algum público em específico?
Na verdade, não, escrevo para quem queira me ouvir. Mas sempre busco incluir alguma minoria, ou grupo marginalizado pela sociedade, eles precisam ser vistos e ouvidos, não importa a ocasião.
Que reflexão você faz sobre o atual cenário da literatura e que desafios continuam presentes para que mais obras de jovens como você sejam publicadas e lidas?
Mais especificamente sobre o cenário local, acredito que faltam mais espaços voltados para divulgação e produção artísticas, especialmente para a população mais jovem. Isso já foi discutido entres nós, artistas emergentes. Montes Claros tem muito talento e potência para a arte, principalmente com novos nomes, mas esse potencial é pouco explorado. Além disso, falta interesse e incentivo. A procura pelo público, ainda é muito baixa, e o Psiu Poético, ainda que divulgado, não tem o reconhecimento que merece, mesmo após longos e bonitos 40 anos.