Gissele Niza
Repórter
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Depois de quatro dias desperdiçando a comida paga pelo estado, os presos da cadeia pública de Montes Claros acabaram com a greve de fome. Desde o último sábado, 03, os 281 detentos em greve de fome estavam jogando as refeições nos corredores do cadeião, ameaçando rebelar-se e colocar fogo no local.
- Êta fome, doutor!
Preso passa mal e é levado para hospital
(foto: Wilson Medeiros)
A reivindicação dos detentos é que o juiz da Vara de execuções penais, Marco Antônio Ferreira, revogue a determinação que proibe a entrada de alimentação enviada pelos familiares na quinta-feira, em vigor há mais de 30 dias e que foi prorrogada por tempo indeterminado.
REBELIÃO
No início da tarde de ontem, terça-feira, os presos iniciaram uma rebelião após serem informados de que a visita dos familiares havia sido suspensa por medida de segurança.
As polícias militar e civil estiveram no local para controlar a situação, porém, não houve a necessidade de entrar, pois o diretor da cadeia foi acionado e se reuniu com os detentos para negociar o fim da greve de fome.
- A visita de ontem foi suspensa porque a situação no local estava insuportável, a todo momento os presos estavam ameaçando rebelar-se e outros já estavam passando mal, devido aos quatro dias sem alimentação. Na reunião, eles reconheceram que estavam errados e foram comunicados de que se a situação não voltasse ao normal, determinações mais rigorosas iriam ser tomadas para manter a segurança do cadeião, entre elas, a suspensão das visitas familiares, dois meses sem televisão nas celas, suspensão da entrada dos únicos alimentos autorizados a entrar no local – café, acúçar e miojo –, além de que os agitadores ficariam isolados no pátio da cadeia – informa o delegado.
DECISÕES
Após serem informados das determinações que seriam tomadas caso a situação não voltasse ao normal no cadeião, os presos reivindicaram maior vigor na entrada da alimentação paga pelo estado, alegando que a comida é de má qualidade e de pouca quantidade, e que os alimentos encaminhados pelos familiares na quinta-feira sejam liberados pelo juiz.
- Durante a reunião ficou definido que iríamos conversar com o fornecedor da comida para pedir mais atenção para que não corra o risco de que algum marmitex chegue às mãos dos detentos estragado, o que poderia trazer clima de revolta no local. Quanto ao pedido de liberar a entrada de alimentos às quintas-feiras, os presos foram informados que a determinação não será revogada e que apenas café, açúcar e miojo entrariam no local, até segunda ordem da justiça – informa Saulo Nogueira.
VISITAS
A visita de familiares que seria cancelada até a próxima segunda-feira, para evitar quaisquer problemas no local, foi antecipada para hoje, das 14 às 15 horas.
- Havíamos cancelado a visita de ontem e que poderia ser mantida até a próxima segunda-feira, caso os presos continuassem agitados; foi antecipada para hoje e, se nada que comprometa a segurança do local acontecer até a próxima sexta-feira, também será normal – diz o delegado.
SAMU
No final da tarde de ontem, a situação estava aparentemente tranqüila no local, os presos voltaram a se alimentar e outros limpavam os corredores que haviam sujado desde sábado, jogando alimentos nos corredores.
Os oito presos que passaram mal por causa da greve de fome foram atendidos pelo serviço de atendimento móvel de urgência e passam bem.