variedades

A arte em pessoa

Neto Macedo, professor de fotografia, instante único do tempo e espaço

Manoel Freitas
Publicado em 08/12/2023 às 19:00.
Ensaio fotográfico feito pelo professor Neto Macedo em Itacambira, Norte de Minas Gerais (Neto Macedo)
Ensaio fotográfico feito pelo professor Neto Macedo em Itacambira, Norte de Minas Gerais (Neto Macedo)

No segundo semestre de 2023, O NORTE deu início a uma série de reportagens sobre a fotografia, abordando primeiramente o fotojornalismo, ou seja, as lentes endossando o que é notícia. Na sequência, sob a luz da antropologia, abordou essa arte em forma de retrato, mostrando sua importância para os grupos étnicos, uma vez a cultura indígena possui enorme importância na construção da identidade nacional brasileira.

Nesta edição, como não é possível pensar na fotografia sem associá-la à arte, por conta de seu forte caráter subjetivo, sinônimo da criatividade humana no sentido mais nobre da palavra, O NORTE procura mostrar um pouco mais do professor de fotografia Neto Macedo. Ele que se especializou em tornar mais simples essas frações da vida em que arte e cultura andam de mãos dadas.

Graduado em Comunicação Social, Publicidade e Propaganda, Neto Macedo, na atualidade, além de professor universitário, é assessor de comunicação da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Como fotógrafo, teve a oportunidade de registrar desde a Selva Amazônica até Polo Norte. 

Nesse ínterim, pôde ver seu trabalho disponibilizado em publicações como Playboy, Lomography Magazine, Petapixel, Old, dentre muitas outras. Como se não bastasse, oferece, desde 2012, cursos e workshops de fotografia, retratos, iluminação e flash, nos quais aborda desde as temáticas básicas para os iniciantes, tanto quanto temáticas avançadas. 

Nosso personagem navega em outros mares da fotografia, como fotos preto e branco, desafiadora escolha artística capaz de gerar imagens expressivas, porque, ao abrir mão da cor, como mestre sabe muito bem compreender melhor suas ferramentas, explorando como poucos a luz, abertura, a velocidade...

Como se não bastasse, ensina segredos valiosos da fotografia de longa exposição, que acontece quando o obturador da câmera fica aberto por mais tempo do que o normal, técnica que pode ser executada com poucos segundos e, acreditem, com horas de exposição. Brincadeira de gente grande, posto que a fotografia de longa exposição é um dos seus gêneros mais admiráveis.

O mundo e o fotógrafo
Neto Macedo é fotógrafo desde 2008. Igualmente um entusiasta da fotografia analógica, se orgulha de fazer parte da “comunidade de fotógrafos no Brasil que mantêm vivas as técnicas que usam filme e outros materiais químicos”. Em 2013, criou o Blog Aprenda Fotografia, “um pequeno espaço onde compartilho conhecimento sobre fotografia de maneira simples e gratuita, a partir de minha experiência como fotógrafo, para iniciantes, amadores e até profissionais”. 

Indagado acerca de que leitura faz da fotografia, especialmente de pessoas, disse que “fotografar gente é um trabalho de equipe, já que o mero ato de empunhar uma câmera e apontar na direção de alguém pode levar às mais variadas reações”. Segundo o professor, a princípio, esse gesto pode provocar recusa ou a aceitação e, havendo a aceitação, “pode se materializar em mil expressões e reações”.

Explica ser papel do fotógrafo criar situações que movam o retratado na direção pretendida. “Pelo menos para mim, todo retrato que fiz é, em parte, também de autoria da pessoa retratada”.

Diferentemente das outras artes visuais, Neto Macedo é de opinião que “a fotografia exige uma interação do fotógrafo com o mundo ao seu redor”. Argumenta que é impossível produzir, por exemplo, uma fotografia que retrate a imponência da Serra do Espinhaço, ou a dignidade de um morador dessa cadeia de montanhas, sem interagir, investigar, conhecer, conversar, porque sem esta conexão, não existe fotografia possível”.

Questionado se é preciso interagir com as pessoas envolvidas para que elas demonstrem suas emoções através das lentes, explicou que “toda emoção só existe em reação a um acontecimento”, acrescentando que “talvez em uma situação limite, num conflito, num evento social, num encontro, essas emoções apareçam espontaneamente, cabe ao fotógrafo somente o registro do acontecido”.

Já em relação aos retratos, “e aqui eu friso, só considero um retrato a fotografia produzida por meio da interação intencional entre fotógrafo e fotografado, partindo de uma situação inerte, é necessário criar uma conexão com a pessoa diante das lentes para que as emoções possam existir”. 

Segundo o professor, “na fotografia o retrato é diferente de uma abordagem fotojornalística, onde a ideia é interferir o mínimo possível”. Em um retrato clássico, ensinou, “parte-se de um ponto de inércia, onde alguma direção deve ser dada para que haja a reação da pessoa fotografada”.

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