Benjamim Oliveira Jr.
Correspondente
JANAÚBA – A polícia civil prendeu na última semana o latrocida João Batista de Paula, 42 anos, que há três meses matou Samuel Moreira dos Anjos, 43 anos (completaria 44 anos no próximo dia 14), e depois ateou fogo no corpo da vítima para quem prestava serviço de motorista. João Batista foi detido terça-feira, dia 3, em Montes Claros, pela PC local e recambiado ontem para esta cidade.
Em depoimento na tarde de ontem na PC de Janaúba, João Batista confessou o crime, ocorrido, segundo ele, no dia 13 de outubro no km 510 da BR-040, no bairro Veneza, município de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ele matou o janaubense Samuel Moreira com golpes de marreta na cabeça.
COMO FOI A MORTE
João Batista diz que no dia retornava de Vitória, no estado do Espírito Santo – ele morava em Afonso Cláudio – e dirigia o caminhão que Samuel havia adquirido em abril passado. Samuel não tinha habilitação e diante disso contratou o capixaba em agosto, ao se sensibilizar com a situação do motorista naquela época.
- Eu passava necessidades e ele me contratou. Recebia 10% do valor do frete que era de Montes Claros para Belo Horizonte e da capital mineira para Vitória. Eu ganhava entre R$ 200 e R$ 300 por viagem - citou o latrocida.
No dia do crime, no final da tarde, João discutiu e brigou com Samuel. Parou o caminhão no acostamento, apanhou uma marreta e desferiu dois golpes fatais na cabeça do janaubense que caiu sem condições de reagir. Em seguida, o capixaba desferiu outros golpes no patrão.
Não satisfeito com a violência e diante da vítima já sem vida, João Batista pegou uma garrafa de meio litro de óleo diesel, espalhou pelo corpo de Samuel e ateou fogo. O latrocida deixou o local com o corpo de Samuel em chamas.
FICOU COM O CAMINHÃO
Quatro dias depois uma equipe da polícia rodoviária federal encontrou o corpo parcialmente carbonizado. As mãos estavam totalmente queimadas, dificultando assim a identificação. Parte da bermuda não foi queimada. Os restos mortais foram encaminhados para o IML – Instituto de medicina legal. Na próxima semana será realizado o exame de DNA para ratificar a identificação. Mas, diante da confissão de João Batista, a Polícia Civil de Janaúba não tem dúvida de que o corpo seja realmente do janaubense.
No dia 25 de outubro, duas semanas depois do crime, João Batista falsificou os documentos de Samuel e transferiu o caminhão para o seu nome. Ele utilizou os serviços do mesmo despanchante, de Montes Claros, que havia regularizado os documentos do caminhão para Samuel anteriormente. João havia acompanhado essa transação.
Para a sua família, no Espírito Santo (tem esposa e três filhos), o latrocida disse que havia recuperado o caminhão que tempos atrás teria devolvido à financeira.
SONHO TRÁGICO
Eletricista e corretor de imóveis, Samuel Moreira tinha desejo de possuir um caminhão. Ele teve dois. O último foi comprado em abril passado. No mês de agosto contratou João Batista a quem tinha conhecido num posto de gasolina, em Montes Claros. Realizava constantes viagens com fretes de ferro velho, granito e papel. Em agosto Samuel se reconciliou com a esposa, com quem teve uma filha de 17 anos e um filho de 9.
- Ele sempre mantinha contatos com a filha. Era uma pessoa adorada e humana. Infelizmente teve um fim trágico - comentou Maria do Socorro Moreira dos Anjos Brito, irmã de Samuel.
A delegada de polícia, Márcia Miguel Meira, da Comarca de Janaúba, instaurou inquérito policial e solicitará neste final de semana que a Justiça decrete a prisão preventiva de João Batista que, por sua vez, deverá ser enquadrado por crime de latrocínio (matar para roubar) e ocultação de cadáver.
Atuaram nas investigações o perito Beto Colares, os detetives Madeira e Washington, as escrivãs Solange Maria Lopes, todos de Janaúba, e ainda a agente policial Deílza, da polícia civil de Montes Claros.