Para o Norte do Estado, serão destinados R$ 455 mil divididos entre nove municípios
A hanseníase possui como agente etiológico o Mycobacterium leprae, bacilo que tem a capacidade de infectar grande número de pessoas e atinge, principalmente, a pele e nervos periféricos (SMS de Mesquita/RJ)
O Ministério da Saúde contemplou 50 municípios de Minas Gerais, sendo nove sediados na macrorregião de saúde do Norte de Minas, com recursos para reforçar as ações de qualificação da hanseníase. Por meio da Portaria 3.558, publicada dia 16 de abril, para 975 municípios de todos os estados, o Fundo Nacional de Saúde vai repassar recursos que variam de R$ 30 mil a R$ 60 mil para o custeio de ações.
As localidades selecionadas apresentam taxa de detecção da hanseníase maior que dez casos por 100 mil habitantes na média dos cinco anos anteriores à pandemia de covid-19. Além disso, os municípios selecionados notificaram, no mínimo, cinco novos casos de hanseníase em 2019.
De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde caberá aos estados apoiar tecnicamente as secretarias municipais de saúde no processo de execução das ações, visando a eliminação da hanseníase como problema de saúde pública. Em todo o país estão previstos investimentos superiores a R$ 50,4 milhões.
Agna Soares da Silva Menezes, coordenadora de vigilância em saúde e do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) na Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS), explica que “os recursos deverão ser utilizados pelos municípios na implantação de estratégias de busca ativa para detecção de casos novos de hanseníase; na realização de capacitações sobre diagnóstico, tratamento e prevenção de incapacidades, com ênfase na avaliação neurológica simplificada; vigilância dos contatos intradomiciliares, com resgate daqueles não examinados nos últimos cinco anos, com visitas in loco”.
Em 50 municípios mineiros estão previstos investimentos superiores a R$ 2,5 milhões. Para o Norte de Minas estão sendo destinados R$ 455 mil divididos da seguinte forma: Montes Claros e Janaúba (R$ 60 mil para cada localidade); Januária, Pirapora e São Francisco (R$ 55 mil para cada município); Salinas (R$ 50 mil); Buritizeiro, Itacarambi e Manga (R$ 40 mil para cada localidade).
INCIDÊNCIA
A referência técnica da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da SRS de Montes Claros, Siderllany Aparecida Vieira Mendes observa que no período de 2019 a 2023 foram notificados 927 casos de hanseníase, sendo 816 casos novos contabilizados em 35 municípios. Com tratamento disponibilizado gratuitamente pelo SUS, 67% dos pacientes (625) já evoluíram para a cura da doença; 232 pessoas (25% do total de casos notificados) estão em tratamento e 70 pessoas (7,5%) abandonaram o tratamento.
“A detecção precoce da doença com a devida atenção aos sinais e sintomas, tendo como ação prioritária a avaliação das pessoas de contato dos casos notificados são ações fundamentais para a quebra da cadeia de transmissão da hanseníase. A utilização de testes rápidos disponibilizados aos municípios por meio do SUS possibilita a diminuição de casos novos da doença, bem como diagnósticos tardios em que os pacientes já apresentam incapacidades físicas”, observa Siderllany Mendes.