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Quarta-Feira,10 de Setembro
Prevenção ao suicídio

Valorização da vida

Setembro Amarelo reforça importância do cuidado com a saúde mental

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 03/09/2025 às 07:08.

Setembro marca a mobilização nacional em prol da valorização da vida. A campanha Setembro Amarelo, promovida pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), reforça a necessidade de falar sobre saúde mental e prevenção ao suicídio. Neste ano, o lema é: “Se precisar, peça ajuda!”

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, sendo essa a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Apesar dos números alarmantes, especialistas lembram que o suicídio pode ser prevenido.

“O cuidado preventivo é essencial”, destaca o psicólogo Worney Brito. “A grande questão é anterior ao processo do suicídio. Precisamos lembrar da qualidade de vida, de manter a saúde mental no dia a dia como forma preventiva. Pensar apenas de maneira remediativa, infelizmente, muitas vezes não funciona. O ideal é que a saúde mental seja cuidada o ano inteiro, não apenas em setembro”, afirmou.

Segundo ele, é preciso estar atento a sinais de alerta. “Frases como ‘não aguento mais’ ou ‘quero morrer’ precisam ser vistas com atenção, mas existem outros indícios mais sutis, como apatia, isolamento, tristeza, abandono de atividades que antes eram prazerosas. Nessas situações, procurar ajuda é essencial, porque sozinho o indivíduo dificilmente consegue lidar com o que está acontecendo.”

Brito lembra que o atendimento psicológico não precisa ser caro. “Toda ajuda é bem-vinda, inclusive o apoio em comunidades religiosas ou grupos sociais, mas o atendimento especializado faz diferença. Existem psicólogos no SUS, além dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que são fundamentais no atendimento de crises. Também há serviços oferecidos por universidades e hospitais-escola”, explicou.

Ele reforça ainda que transtornos mentais devem ser tratados como doenças. “Muita gente diz que é falta de Deus, mas isso não resolve. Estamos falando de psicopatologia, algo muito mais profundo. Se a pessoa tem fé, ótimo, isso pode ser um suporte, mas não substitui o tratamento profissional. A ajuda especializada é fundamental e está disponível no sistema público.”

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito em Unidades Básicas de Saúde, nos CAPS e pelo SAMU (192), em casos de emergência. Outra alternativa é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que funciona 24 horas pelo telefone 188 ou pelo site cvv.org.br/chat.

Em Montes Claros, o assistente social William Conceição chama a atenção para a vulnerabilidade da população LGBTQIA+, muitas vezes exposta a situações de preconceito dentro do próprio lar. “Percebemos que ainda há um gesto violento contra a comunidade LGBT, muitas vezes dentro de casa. Muitos pais não têm a intenção de machucar, mas acabam criando situações de insegurança. Isso fragiliza ainda mais”, afirmou.

Para ele, o acolhimento é fundamental. “A primeira coisa é poder ouvir. Muitas vezes a pessoa tenta expressar algo importante, mas o outro não ouve. Então, ouvir e se colocar à disposição é fundamental. Mesmo que não consiga resolver, é importante buscar ajuda especializada.”

Conceição lembra que Montes Claros conta com o Ambulatório de Saúde Integral para Pessoas Trans e Travestis na Unimontes, que oferece atendimento especializado. Ele alerta que o suicídio não deve ser visto de forma isolada. “Ele envolve fatores sociais, culturais e individuais.”.
*Com informações da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

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