Saúde

Usuários à espera

Depois de anunciarem fim de parceria para atendimento em Montes Claros, Unimed e Santa Casa podem voltar a atrás na decisão

Márcia Vieira
Publicado em 25/01/2023 às 21:42.
Junia Peres e Eduardo Barbosa: usuários da Unimed estão apreensivos com a situação. (ARQUIVO PESSOAL)

Junia Peres e Eduardo Barbosa: usuários da Unimed estão apreensivos com a situação. (ARQUIVO PESSOAL)

O imbróglio envolvendo Santa Casa e Unimed pode ter um desfecho nos próximos dias. Na última semana, veio a público comunicado das duas partes informando o fim da parceria no mês que vem. Mas são grandes as possibilidades de uma reviravolta.

Cartaz exposto no hospital informa aos usuários que a partir do dia 17 de fevereiro estarão suspensos os exames de imagem, laboratório, cardiologia, endoscopia, ecografia vascular com doppler, terapia oncológica e radioterapia cobertos pelo plano. 

A Santa Casa tornou público o ofício, comunicou o descredenciamento e pontuando que foram várias as tentativas de negociação com a operadora, sem sucesso. 

A operadora explicou que conforme o ofício expedido em 18 de outubro de 2022, a Unimed, no exercício legal, operacional e rotineiro de promover ajustes da sua Rede Credenciada, notificou, no prazo legal, o descredenciamento apenas de alguns exames e procedimentos realizados em caráter ambulatorial e eletivo (programado e não urgente) incluindo Terapia Oncológica e Radiológica e que a notificação não fere dispositivos legais e contratuais e, não impacta o acesso e a prestação de serviços aos beneficiários, uma vez que inúmeras Clínicas e Médicos Cooperados seguem prestando atendimento. 

A operadora, que atende a 74 cidades na região, disse que a instituição hospitalar estaria alterando fatos e deturpando documentos, buscando assim responsabilizar a Unimed. E que, “em momento algum, buscou, desejou ou comunicou a Santa Casa de que não mais contrataria serviços essenciais como o parto e a Urgência e Emergência”. 

Por fim, a operadora ressaltou que por enquanto não houve necessidade, mas caso aconteça, possui ampla rede hospitalar para atendimento de todas as especialidades que poderão receber os pacientes. 
 
O QUE DIZ A SANTA CASA
“O hospital reitera que por compreender a importância de se manter o atendimento integral dos beneficiários da Unimed no maior complexo hospitalar do Norte de Minas, comunicou a suspensão dos atendimentos de urgência a partir de 17/02, enquanto estaria aguardando novas negociações. A Santa Casa ressalta que as negociações foram retomadas na presente data e deseja que em breve a situação seja resolvida para a tranquilidade de todos os envolvidos, beneficiários, instituição hospitalar e operadora de saúde”.

Atendimento limitado e insatisfatório

No meio da disputa estão os usuários. A fisioterapeuta Junia Peres fez migração de um plano antigo para a Unimed justamente porque o anterior não tinha convênio com a Santa Casa.  

Ela Conta que o valor da mensalidade aumentou muito, bem como o valor da coparticipação. E reclama quanto a prestação de serviço. 

“Eles montaram uma clínica da Unimed e o serviço de fisioterapia será feito apenas nessa clínica, ou seja, o cooperado não pode mais escolher por qual profissional será atendido. De 10 pessoas que converso sobre isso, 10 estão insatisfeitas, sem contar que vários médicos não querem atender mais, devido ao baixo valor da tabela de pagamento dos médicos”, relata.

A professora C. F. diz se sentir lesada e acusa o hospital de ser responsável pelo problema.

“É o segundo golpe da Santa Casa nos montes-clareses! Primeiro acabaram com o plano deles. Quem pagou a vida inteira ficou a ver navios. Indicaram dois planos para migração (Unimed e outro). Agora vem essa situação... Acho que estão esquecendo que a Santa Casa foi feita de doações para servir a população. E ainda têm coragem de manter uma campanha de doação feita pelo telefone”. 
 
PLANO CARO 
Para o advogado Eduardo Barbosa, que desde 2017 é vinculado ao plano, independentemente de qual das partes tenha contribuído para a situação, a decisão deve ser revista e o usuário não pode arcar com as consequências.

“Essa decisão de desvincular o plano do hospital limita muito o acesso. É um plano caro, a gente já sabe que não era dos melhores serviços prestados, pois quando a gente precisa fica horas esperando, mas quando tira um hospital do porte da Santa Casa diminui consideravelmente a qualidade do serviço”, diz o advogado, observando que “as agências reguladoras tentam controlar isso, mas os valores dos planos de saúde só aumentam e a gente se depara com essa situação no início do ano. Ao invés de ampliar, estão reduzindo os locais de atendimento “.

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