Não ao ‘vape’

Uso do cigarro eletrônico cresce entre os jovens e preocupa médicos

Da Redação*
24/05/2022 às 10:10.
Atualizado em 24/05/2022 às 10:11
Um a cada cinco jovens de 18 a 24 anos já experimentou os cigarros eletrônicos, mostra pesquisa da Universidade Federal de Pelotas: número preocupa médicos que alertam para os riscos do produto (RIVA MOREIRA/ARQUIVO HOJE EM DIA)

Um a cada cinco jovens de 18 a 24 anos já experimentou os cigarros eletrônicos, mostra pesquisa da Universidade Federal de Pelotas: número preocupa médicos que alertam para os riscos do produto (RIVA MOREIRA/ARQUIVO HOJE EM DIA)

Médicos e pesquisadores não têm medido esforços para barrar os cigarros eletrônicos no Brasil. Mesmo proibidos, os dispositivos atraem cada vez mais pessoas, principalmente os jovens. Estudos comprovam que os “vapes”, como são conhecidos, liberam substâncias tóxicas que podem causar câncer.

Um estudo recente, que contou com a participação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mostrou dados preocupantes. Um a cada cinco jovens de 18 a 24 anos já experimentou os cigarros eletrônicos. A pesquisa por amostragem foi feita por telefone com 9 mil brasileiros. A maioria é formada por homens.

Coordenador do Ambulatório de Tabagismo do Hospital das Clínicas, da UFMG, Luiz Fernando Pereira afirma que o dispositivo favorece o aumento dos casos de tabagismo. “Nos anos 1980, 34% da população era fumante, hoje está em torno de 10%. A tendência é que este percentual aumente, pois há a proibição, mas não há fiscalização”, afirma o pneumologista, que também atua no Hospital Oncoclínicas.

A fumaça dos aparelhos libera uma série de substâncias nocivas e cancerígenas, como nicotina, acetona e propilenoglicol e glicerol – ambos irritantes crônicos –, além de chumbo, ferro, sódio e alumínio. Para atrair consumidores, são incluídos aditivos e aromatizantes como tabaco, mentol, chocolate, café e álcool.

“Podem causar irritação brônquica, inflamação em quem tem doença pulmonar obstrutiva crônica. Essas pessoas não podem usar o cigarro eletrônico”, afirma Ricardo Meirelles, da Comissão de Combate ao Tabagismo da Associação Médica Brasileira. 

Representante da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e coordenador do Programa Estadual de Controle do Tabagismo do Amazonas, Aristóteles Alencar engrossa o coro. 

Segundo ele, os aparelhos produzem partículas ultrafinas, que conseguem ultrapassar a barreira dos alvéolos do pulmão e caem na corrente sanguínea, provocando inflamação.

“Quando essa inflamação ocorre no endotélio, que é a camada que reveste internamente o vaso, pode dar início a eventos cardiovasculares agudos, como o infarto e a síndrome coronariana aguda”.

Mesmo com os sucessivos alertas de especialistas, fabricantes insistem que os aparelhos são alternativas “mais saudáveis” ao cigarro convencional. A polêmica levou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a levantar evidências técnicas e científicas sobre os produtos. A expectativa é a de que a importação, comercialização e a propaganda desses produtos siga proibida em todo o país.


SAIBA MAIS
Os cigarros eletrônicos são alimentados por bateria de lítio. Os vapes têm um cartucho ou refil que armazenam o líquido. Eles têm um atomizador, que aquece e vaporiza a nicotina.  
 
A temperatura de vaporização da resistência é de 350°C. Nos cigarros convencionais chega a 850°C. Ao serem aquecidos, liberam um vapor líquido parecido com o cigarro convencional. 
 
Há um outro tipo de cigarro eletrônico que se parece com um pen drive. Esse modelo provoca menos irritação, facilitando a inalação de nicotina. E, assim, provoca maior dependência.
 
“Usar um dispositivo desse com 3% a 5% de nicotina equivale a fumar de dez a 15 cigarros por dia. Dispositivos com 7% de nicotina equivalem a mais de 20 cigarros por dia”, acrescenta Ricardo Meirelles, da Associação Médica Brasileira Meirelles.

*Com informações de Izamara Arcanjo, Agência Brasil e Conselho Federal de Medicina

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