A partir de 2026, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) terão acesso à vacina contra a dengue 100% brasileira, produzida pelo Instituto Butantan. O anúncio foi feito pelo Ministro Alexandre Padilha, depois da aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O anúncio veio na quarta-feira (26) e, nesta quinta-feira (27), os gestores estaduais e municipais receberiam os primeiros esclarecimentos sobre o assunto, conforme o ministro.
Segundo o Governo, o Instituto Butantan já tem 1 milhão de unidades da vacina contra a dengue prontas para distribuição e, até meados de 2026, a estimativa é de chegar à produção de mais de 30 milhões de doses.
Batizada como “Butantan-DV”, a vacina é o primeiro imunizante em dose única no mundo e será disponibilizada inicialmente para pessoas com idade entre 12 e 59 anos. A Butantan-DV tem, conforme estudos, eficácia de 74,7% contra dengue sintomática na população desta faixa etária, ou seja, em 74% dos casos, a doença foi evitada a partir da vacina. A nova vacina será integrada ao Programa Nacional de Imunização (PNI).
A médica Oriana Vieira Carneiro diz que o grande objetivo é diminuir a mortalidade e o número de casos. Esse ano, segundo a médica, o número de casos foi bem menor, teve uma queda em torno de 70%, comparado com o ano passado. E isso se deveu principalmente à efetividade das medidas propostas pelo Ministério da Saúde para controlar o Aedes aegypti. “A chegada dessa vacina significa um grande avanço para o Brasil. É a nossa vacina, produzida totalmente no país. A gente tinha até agora a Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, em duas doses, e quem quisesse tinha que pagar. Era distribuída pelo SUS apenas para adolescentes”, explica a médica. O outro ponto, ressalta Oriana, é que a vacina aprovada agora pela Anvisa “é tetravalente, protege contra os quatro sorotipos e contempla um público maior, de 12 a 59 anos. Acredito que logo essa faixa será ampliada, com os estudos que são feitos. É uma vacina fantástica”, afirma.
Bianca Batos de Oliveira, de 33 anos, dona de casa, conta que ficou sete dias acamada em razão da dengue. “Foi sofrido. Manchas, febre, e o pior foi a dor no corpo, do dedo do pé até o fio de cabelo. Eu trabalhava na época e tive que ficar afastada”, relembra. A partir da doença, Bianca diz que os hábitos mudaram. “O médico disse que se eu tivesse uma segunda vez seria mais complicado. Usava repelente no meu filho, mas em mim, não. Então passei a usar e observar o ambiente”. Sobre a nova vacina, ela comemora. “É uma notícia maravilhosa. Sou vacinada, meus pais são e as minhas crianças também. Acho importante manter o calendário atualizado. Essa vacina (contra a dengue), assim que chegar, vou me vacinar”, conclui.